quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Sobre relações abusivas

Em quase 10 anos de blog nós abordamos assuntos variados: traições, mancadas masculinas e femininas, histórias de amor, ilusionismos, machismos, feminismos, cantadas, histórias de balada... olhei para trás e percebi que um assunto absurdamente importante não estava aqui.

Hoje eu quero falar de relacionamento abusivo. Graças a Deus, nunca estive em um, mas conheço várias pessoas que estiveram. Algumas acompanhei de perto, outras ouvi histórias. Depois de ouvir mais uma história mega power inacreditável, decidi que não tinha mais como adiar esse assunto tão sério.

Primeiramente, existe uma coisa em comum entre basicamente todos os relacionamentos abusivos: ele começa perfeito. O cara é um verdadeiro gentleman, conquista seus pais, te dá presentes, te elogia o tempo todo, melhor amigo da sua família, acima de qualquer suspeita. “Um cara do bem”, costuma-se descrever.

O tempo passa e pode ser que ele comece a implicar com algumas coisas. Suas roupas, maquiagens. Seus amigos e os lugares que frequenta. Fica com raiva e dá show de ciúmes na presença de qualquer pessoa do sexo oposto (ou às vezes nem precisa ser! É comum ciúmes de amigos, familiares e acreditem, uma amiga relatou ciúmes de CACHORRO). Começa a querer te controlar. Você passa a pedir desculpas por tudo, inclusive quando não está errada. Tem medo de dizer “não” para ele e começa a fazer coisas contra a sua vontade – inclusive no sexo -, só para não contrariá-lo.

De repente, ele te faz se sentir burra e louca. Tudo o que você fala é digno de piada, ou de escrutínio, afinal de contas “você não sabe de nada”. Se discorda dele ou reage a alguma coisa que ele diz, está ficando louca e histérica. Mansplaining, mansinterrupting e gaslighting. Tudo junto e misturado.

Ele tem dificuldade de vibrar com suas conquistas e duvida constantemente da sua capacidade profissional ou talento. E de outras mulheres também, soltando sempre piadinhas machistas como “dormiu com quem para conseguir esse cargo?”.

Depois de passar o começo do namoro te enchendo de elogios, ele começa a te diminuir. Faz você acreditar que ele é o único que te aceita, que te aguenta e que ninguém mais vai querer você se ele te largar. Mina sua auto-estima fazendo você crer que passa por isso porque merece.

Ele não te bate, mas te segura com força ou soca mesas e portas para descontar a raiva de você. Ele grita o tempo todo, te xinga, te desvaloriza. E às vezes chora, dizendo que você o fez perder a cabeça.

Depois das brigas e discussões, você sempre se questiona se aquilo é normal de todo casal, mas quando alguém pergunta, tende a relativizar as ações dele, dizendo que “no fundo, ele é uma boa pessoa e me ama”. Ele te envolve totalmente na conversa, nos argumentos, e você acaba achando que ele tem razão e que quer te preservar.

Até que um dia ele te bate. Depois pede perdão de joelhos, diz que nunca mais vai voltar a fazer isso. Que se excedeu. E acontece de novo. De novo. E começam as ameaças. Você diz que vai à polícia e ele ameaça te matar.

Nem todo relacionamento abusivo chega ao ponto de agressão física, é importante manter isso em mente. E isso não significa que não seja um! Quis fazer uma espécie de ordem cronológica do que pode acontecer se não conseguirmos identificar antes de chegar ao extremo da violência física.

Às vezes quem está de fora fica absolutamente angustiado tentando ajudar. Devemos lembrar que não adianta você sacudir a pessoa e dizer “será que você não enxerga o que está acontecendo?” (já fiz isso!), porque não, a pessoa não enxerga. O bagulho é desenvolvido para deixar a pessoa completamente cega. Por isso, a maneira de ajudar é estar sempre por perto, de olho para detectar qualquer sinal de agressão, dando conselhos, tentando fazer a pessoa chegar às próprias conclusões, mas sem atacar como se a pessoa fosse burra. Ela não é burra, ela está sofrendo abuso psicológico e não consegue compreender isso. A auto-estima baixa faz com que acreditemos em inúmeras inverdades a nosso respeito e é isso que o abusador faz: ataca seu amor próprio para que você desconfie de si mesma e de seus próprios julgamentos. Uma amiga descreveu “como uma droga, você tem crise de abstinência, é viciante. É estranho.” Deve haver uma vontade da pessoa de sair dessa situação. Não adianta querer arrancar a pessoa da bolha onde ela está inserida. Ela só sai quando consegue ver que aquilo não faz bem.

Para ilustrar melhor, vou colocar um dos melhores vídeos que a Internet já viu, “Não tira o batom vermelho”, da JoutJout:

https://www.youtube.com/watch?v=I-3ocjJTPHg

(o Blogspot continua me trolando e não consigo validar os links. Mas vale a pena copiar e colar no seu browser. Esse vídeo tem que ser visto!!)

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Você não é obrigado a ser infeliz

Eu me sinto extremamente tocada quando vejo pessoas desperdiçando seu potencial de felicidade. Às vezes a gente acha que está vendo uma pessoa feliz, uma família perfeita e por uma frase simples você descobre que a pessoa está agarrada à infelicidade como se tivesse cola.

Por que é tão difícil para largarmos um curso da faculdade com o qual não estamos nos identificando? Ou um emprego que odiamos? Ou se afastar de uma "amizade" tóxica? Ou abrir mão de um relacionamento teoricamente perfeito? Bate aquele medo né? Medo de não encontrar seu caminho, de ficar desempregado para sempre, de ficar solitário, de nunca mais alguém querer ficar com você...

Essa semana eu estava dando aula e o tópico era STRESS. Tenho 3 alunos, 2 mulheres e 1 homem, todos casados e com filhos pequenos (entre 2 e 8 anos). Estávamos lá debatendo situações de estresse, falando que era estressante fazer o dever de casa com os filhos e discutindo moedas de troca, como por exemplo "você só pode jogar video game se fizer todo o dever de casa". Assim que mencionamos essa opção, uma aluna disse: "e quando é o seu marido que não sai do video game?"

Eu senti a mágoa nas palavras dela. O marido dela é médico. Quase não fica em casa. E quando chega, só quer ficar grudado no video game.

Rimos, falamos que realmente era um problema (tudo em tom de brincadeira), mas eu não pude reparar em como ela ficou após mencionar o marido. Parece até que abrimos as portas para ela desabafar e acredito que tenha ficado claro para todos - não só para mim - que ela estava em uma relação infeliz.

Passamos para falar sobre modos de desestressar. A outra mulher da turma disse que gostava de ouvir música, assistir um filme ou tomar uma cerveja. Aí eu perguntei: "vocês saem sozinhos com seus cônjuges?" e os dois disseram que sim na hora, menos ela. Ela disse "NÃO!" imediatamente. E complementou: "eu convido meu marido, mas ele sempre diz não. E passa a noite com o video game. Isso me irrita!".

Mais do que irritada, ela estava claramente magoada e se sentindo rejeitada.

Depois mencionou que uma vez ela deixou os 2 filhos ( um de 2 e um de 7) sozinhos com ele por uma tarde, que ele passou assistindo TV com os meninos, segundo ela. Quando ela chegou, ele disse que precisava de ajuda porque cuidar de dois 2 sozinho era muito trabalho. E ela respondeu: "assistir TV com as crianças o dia todo não é cuidar deles. Se fosse só isso, seria mole."

Dá pra perceber que além de estar magoada como mulher, como esposa, ela está recebendo toda a carga de cuidar dos filhos também, porque pelo jeito ele não é lá o melhor pai do mundo, não.

É complicado. Ela está infeliz, isso ficou óbvio para mim. E se separar, vão chamá-la de louca. Que o mar lá fora não tá pra peixe. Que eles tem um filho pequeno. Que ele é médico. Que é só uma fase. E enquanto isso, a vida dela vai passando e ela lá, abraçada com a frustração e a tristeza.

Eu não acho que casamento seja fácil e que as pessoas devam desistir no primeiro obstáculo. Demanda muito diálogo, comunicação, afeto, compreensão, ceder daqui e de lá. Mas se está deficiente dessa forma em coisas tão básicas, considero esse relacionamento na UTI.

Não é que o marido dela não possa jogar um video game de vez em quando, claro! Mas quando ele negligencia a família e o relacionamento o tempo todo para fazer outra coisa banal (qualquer vício que seja), ele não está verdadeiramente AMANDO. Eu posso até correr o risco de ser um pouco leviana, mas também acho que a chance de ele estar traindo ela é bem grande. Esses são sintomas bastante comuns em alguém que está mantendo vida dupla.

Nós precisamos ter coragem. Não é fácil! Mas acredito muito que viemos ao mundo para sermos felizes! E depende da gente construir nosso caminho. É necessário desapegar de certas coisas e pessoas que já não cabem mais na nossa vida. Só a gente pode mudar nosso destino, tomando as rédeas e decidindo por nós mesmos. Ninguém é obrigado a nada e nos faltar compreender isso. Nos apegamos a padrões, conceitos, ideais que muitas vezes nem fazem sentido para nós.

Me deu uma tristeza olhar para ela, uma mulher jovem, tão cheia de decepção no rosto. O cansaço estampado. A própria imagem de quem só vive para os outros e nada para ela.

E aí eu precisei escrever esse post! E ele é para dizer para você, que está preso a um relacionamento falido, que não te faz mais bem, que não te traz mais felicidade e leveza, para você TER CORAGEM e RETOMAR A SUA VIDA. Você importa! Você merece ser feliz! Com 18, 40, 60 ou 80 anos! A felicidade é uma escolha. Você não precisa ficar sofrendo! Você poder fazer diferente, escolhas novas, mudar! Toda mudança causa dor no início, mas EU JURO que vai valer a pena! Lembre-se: somos escravos das nossas escolhas. O que você vai escolher hoje?

PS: Falamos de relacionamento, mas essa reflexão pode servir para tudo na sua vida! Apenas decida mudar a rota se a rota que você faz todo dia não te faz mais feliz! Saia do emprego, mude de curso, de casa, de amizades! VÁ SER FELIZ!

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

"Vale night é coisa rara. Você me entende, né?"

Chegamos aí, levantando a cabeça depois de mais uma série de murros em ponta de faca, aquela velha fossa que a gente precisa viver, mas como boa sagitariana que sou, vale aquele lema né "Quem tá quebrado é o coração, não a boca".

A gente está sofrendo, mas está com o copo na mão e beijando bocas, porque afinal de contas não há tempo a perder!

Acontece que até mesmo quando a gente não tá caçando confusão, a confusão vem até a nós. Nem quando a gente quer sossego e só dar uns beijos, a gente tem paz.

Eis que semana passada, logo após acabar com 2 garrafas de whisky de um bar, eu e mais 5 amigas fomos parar na boate do momento aqui em Brasília. Através de uma conhecida fomos parar até no camarote e toda hora aparecia bebida de graça, ou seja, todo mundo pode imaginar o grau em que ficamos.

Soltinhas que só, começamos a flertar com um carinha aqui, outro ali, quando conheci um rapaz interessante. Conversa vai, conversa vem, fomos parar um nos braços do outro. Aquele vuco vuco, quando vi estava entrando no carro dele e a gente se pegando. Olhei para trás e vi uma cadeirinha de bebê. Perguntei se ele tinha filho, ele disse que sim, um filho de 3 anos. Perguntei se ele morava com os pais, ele disse que sim, mas que já estava mais que na hora de sair. Concordei e seguimos a vida. Continuamos ficando até o dia raiar, mas por incrível que pareça acabamos não trocando telefone.

Lembrei que ele tinha me dito que já tinha ficado com uma das minhas amigas na adolescência e comentei com ela. Ela perguntou o nome dele, eu falei e ela, bem espantada, me disse: "Mas ele não é casado?" e mandou print do instagram dele.

Eu fui fuçando, fuçando e pensando: "bom, se separou foi agora esse mês, porque tem foto com a esposa mês passado aqui". Resolvi fazer o teste. Adicionei e aguardei ele aceitar, pensando que se ele realmente estivesse casado, não iria me aceitar. Mas... ele aceitou.

Primeiro ele ficou bem chocado quando o adicionei e pediu meu telefone. Quando eu dei meu telefone, ele quis me ligar. Disse que precisava me pedir desculpas.

"Por não ter me dito que era casado?", perguntei. E ele confirmou. "Vale night é coisa rara. Vc me entende, né?" Oi? Não entendo, não!

Mais tarde ele realmente me ligou falando mil coisas. As frases sempre começavam com "Não é querendo justificar o que eu fiz, mas..." E os "mas" dele eram os mais sem noção. Porque eu tenho certeza que não foi a primeira vez que ele chifrou a esposa, com a qual ele tem uma relação "muito boa e estável" - palavras dele - e com quem ele está casado há apenas 4 anos. Ele estava extremamente confortável com a situação, tanto sábado quanto ao telefone. Sabia exatamente o que estava fazendo e não demonstrou muita preocupação com o fato de ficar comigo em um local público, nem dos arranhões que foram para casa com ele e nem da possibilidade do meu brinco ter caído no carro dele.

Eu disse que ele tinha que ter me contado, que eu jamais teria ficado com ele se soubesse que era casado. Ele veio "ah, aquele ambiente, vi uma ruiva tão linda, fiquei com vontade mesmo". E ainda deu em cima de mim de novo no final da ligação insinuando que iria vir aqui pegar umas aulas particulares de inglês. Ou seja... não é um vacilo isolado. Se eu desse corda, ele ia querer me manter de amante.

Nessas horas eu fico me perguntando o que se passa na cabeça de uma pessoa dessas. Porque assim, eu nem sou dessas que acha que traição é algo imperdoável e não sei o que lá, mas a naturalidade com a qual esse cabra enfrentou a situação me assustou. Casamento recente, filho pequeno e zero consideração com a pessoa com a qual divide a vida. E ainda engana uma segunda pessoa que acaba participando da cachorrada sem querer.

Quando a gente fala que a coisa tá feia e que está difícil ter esperança no sexo masculino (heteros!), tem gente que acha que é exagero. OLHA O TIPO DE PESSOA que vem parar na sua vida sem você nem sequer se esforçar. É, cara... a cada dia só aumenta minha vontade de ser lésbica. Pena que nunca nos deram escolha. Se dessem, aposto que sobrariam poucas mulheres hetero para contar história, viu?



sábado, 25 de agosto de 2018

Quando seu egocentrismo te transforma num completo idiota

Olá, leitores amados!


Eu não sei se o povo anda confundindo auto-estima com arrogância ou se chegamos a um ponto em que pessoas bonitas acham que têm licença para serem completos idiotas e que sua beleza valida qualquer tipo de comportamento tosco que eles possam ter. Eu tenho certeza que isso não é uma exclusividade masculina, mas como são com eles que lido diariamente enquanto mulher heterossexual, vou contar causos que exemplificam o quanto as pessoas estão sendo egocêntricas sem nem disfarçar.

Eis que essa semana recebi um convite de um rapaz do Tinder para tomar um sorvete. Legal. O problema foi quando fomos decidir o local. A princípio ele disse apenas que queria um lugar não muito caro. Sugeri dois lugares e ele descartou os dois, com argumentos bem rasos e defendendo um sorvete que ele toma toda semana no mesmo lugar. Primeiro ponto: se ele queria tanto ESSE sorvete, por que já não disse logo "Vamos tomar ESSE SORVETE NESSE LOCAL?". Eu disse que tudo bem a gente ir no tal lugar que ele gostava, mas que aí eu teria o direito de escolher o sabor do sorvete (resumindo muito, porque ele ficou 3 anos reclamando das minhas sugestões). Para minha surpresa, ele respondeu "então, não". Eu com cara de choque sem acreditar que ele tava dando tamanha importância para o sabor do sorvete, não conseguia abstrair o fato de que, desde o começo, antes mesmo de nos encontrarmos, a minha opinião já não valia de nada pra ele. Que ele tinha sérios problemas com ceder ou chegar a um consenso. Aí ele disse que então iríamos comer e cada um pedia o seu. Eu concordei - já meio brochada com aquela situação, mas pensando que seria injusto dispensá-lo antes mesmo de conhecê-lo pessoalmente - e sugeri um lugar que tem uma variedade grande de comida e que tem preços acessíveis. Ele disse que ia pensar, que a comida de lá era ruim e que só o açaí prestava. Engraçado... cheio de restrição, mas sugerir um local que é bom, nada né? Aí eu disse que estava aberta a opções. Hoje pensei em como fui legal com um cara CHATO PRA CACETE. Um cara que se mostrou super egocêntrico e intolerante. Ficamos nessa de não decidir nada. No dia seguinte, o egocentrismo - para não dizer megalomania - dele ficou cada vez mais claro. Em seu instagram, ele postou 3 enquetes. Temas:

- O que você mais gosta no meu Insta?
- Eu sou ou já fui seu crush?
- O que você não gosta em mim?

Eu ri, com uma pitada de desespero, confesso. E veio aquela luz de que aquele moço só estava aberto a se relacionar com pessoas dispostas a se anular para agradá-lo. E mamy... não serei eu, né? Nunca precisei!

Chegou mensagem dele dizendo que estava meio "bleh" e que ia se encontrar com uns amigos no OUTBACK (bem econômico né?), que eu desculpasse e compreendesse. Eu apenas disse, "ok, sem problemas". E hoje chegou um convite para um almoço quase 14h. Eu agradeci e disse que já tinha almoçado. Nem tinha. Mas não né?

Compartilhando a história com minhas amigas, começaram a chover outras anedotas.

"Um dia estava em uma festa e um cara passou a noite toda me olhando. Eu achei ele bonito e de vez em quando olhava de volta, mas nada demais. No fim da festa ele resolveu chegar em mim com a seguinte frase: 'eu reparei que você passou a festa toda me olhando'. Eu disse que não foi bem isso e ele disse que queria me conhecer. O problema é que ele não queria bem me conhecer, mas sim ficar falando dele mesmo. Dizendo que era estudante de medicina, que ia ser muito rico, que os pais dele eram donos de hospital e que ele queria se especializar em nutrologia. Eu, nutricionista, disse que trabalhava na área e ele tentou de todas as formas diminuir a importância da minha profissão. Quando eu tentei defender, ele perguntou porque eu estava tão nervosa e disse que eu não precisava me preocupar porque ele me daria um emprego no hospital da família dele." {clássico caso de gaslighting}

"Eu fiquei com um menino que só falava de si mesmo o tempo todo. Dizia que ele era o melhor em tudo o que fazia, o mais inteligente da faculdade, que gostava de estudar sozinho porque ninguém conseguia acompanhar a inteligência dele. Ele não conseguia tirar dúvidas na faculdade porque ninguém conseguia atingir o nível das perguntas que ele fazia. E quando eu tinha espaço pra falar, que falava de coisas da minha área, ele sempre me interrompia e rebatia, como se soubesse mais do que eu da minha própria área. Tudo o que eu fazia, ele dizia que fazia melhor e debochava de mim, rindo das coisas que eu falava." {clássico caso de mansplaining}

"Eu saí com um cara que ficava me perguntando o que tinha me atraído nele, o que eu mais gostava nele, o que tinha chamado minha atenção nele. Na cama, perguntou "você é difícil de gozar, né? [eles nunca acham que estão mandando mal e por isso não gozamos]" {clássico caso de egocentrismo}

Eu não tenho como expressar nosso sentimento quanto a isso. Queria saber quando foi que essa gente começou a achar que o mundo gira em torno do próprio umbigo, porque não existe explicação plausível para sair por aí distribuindo tanta idiotice gratuita. Apenas parem. Tá feio.

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Para ajudar a entender o post de hoje, quero deixar a definição de 2 termos que usei aqui e que muitos de vocês podem não conhecer.

MANSPLAINING
: uma junção de MAN (homem) com EXPLAINING (explicando) do inglês. Usamos essa palavra pra definir aquele momento em que um homem quer ensinar a uma mulher algo que ela já sabe e demonstra claramente saber, mas ele insiste porque, para ele, uma mulher necessariamente não teria capacidade intelectual para compreender um determinado assunto; e como homem, é impossível que você não saiba melhor do que ela.

GASLIGHTING: é uma forma de abuso psicológico no qual informações são distorcidas, seletivamente omitidas para favorecer o abusador ou simplesmente inventadas com a intenção de fazer a vítima duvidar de sua própria memória, percepção e sanidade. É muito comum ouvir o homem chamar a mulher de louca, nervosa, doida estressada, a fim de tirar a validade do que ela diz ou sente.



quinta-feira, 12 de julho de 2018

Surpresas do amor

Já falei aqui sobre a fórmula da felicidade, em como parece que já traçaram os 5 passos para ser feliz (e que se você não segui-los, bye bye happiness!), mas graças a Deus, a vida é muito louca e a cada dia fica mais claro que não adianta ficar tentando prever seu destino: a gente nunca sabe o que o futuro nos reserva!

Tenho várias amigas que podiam jurar que já tinham encontrado o homem da vida, namoraram 4, 5, 6 anos e por isso estavam certas de que era isso mesmo e ele ia ser o marido e pai dos filhos, quando de repente... BAM! A vida ia lá e enchia a cabeça dela (dele) de dúvidas e todas aquelas certezas absolutas começavam a virar uma penca de question marks na cabeça.

Pois bem, ontem conversando no whatsapp com um grupo de amigas, uma delas - a única atualmente ficando fixo com uma pessoa - puxou o assunto sobre casamento, dizendo que adorava os doces, as lembrancinhas e tudo mais e disse: "casem-se e me chamem". Caímos em cima dizendo que era mais fácil ela ser a primeira a casar porque era a única que já tinha um "pretendente". Ela então resolveu contar uma história super louca de uma amiga e eu fiquei tão encantada com a história que pedi permissão para publicá-la para vocês. Como já é de praxe, usarei pseudônimos para proteger a privacidade de todos.

*Renan e *Alice namoravam há muitos anos. Fizeram tudo do passo a passo da felicidade: compraram um apartamento, foram morar juntos e depois de muita insistência da família super católica dele, resolveram ficar oficialmente noivos.

Começaram toda aquela conversa de organizar casamento, decidir padrinhos, lista de convidados, agendar igreja, pagar lua-de-mel, blablabla... Até que olharam para trás e viram que não era exatamente o que eles queriam. Que no fundo tudo aquilo era um desejo da família e não genuinamente deles. Resolveram se separar, para o trauma e choque de amigos e familiares.

A lua-de-mel para Miami estava paga, então Alice resolveu viajar para lá, de qualquer forma. Ela tinha um amigo chamado *Leandro que tinha um amigo cubano morando em Miami. Ele se sentiu tocado pela história de Alice e pediu para que o tal cubano a recepcionasse em Miami.

Os espertinhos já devem estar chegando à conclusão, não é mesmo? Pois é: Alice foi para Miami e voltou cantando "Havana, uh na na, half of my hy heart is in Havana, uh na na".

No começo foi aquela negação: o trauma de um noivado que chegou ao fim depois de tantos anos, o fato de estarem em países diferentes, nada disso tinha como dar certo. "Não vou nem namorar!", dizia ela. Mas... o coração da gente não tem mesmo juízo (ou tem, né!), e eles ficaram nesse vai e vem por alguns meses, mas sem admitir em voz alta que aquilo era real e sério. Até que um dia ele resolveu perguntar para ela "e ai? Isso é um relacionamento sério ou não?" e ela respondeu que namoro à distância não funcionava. A réplica dele? "Você tem razão. Então vamos casar!".

Sim. Não houve namoro e nem noivado. De viagens para o altar, em um ano e meio. E estão lá, há 8 anos juntos, vivendo super felizes. Quem poderia prever que algo tão louco poderia ser a coisa mais certa na vida deles?

Tudo isso para chegar à conclusão de que nem tudo o que reluz é ouro, que nem tudo que parece é, e que a cada rotação da Terra, temos a chance de chacoalhar a vida e tudo virar de cabeça para baixo. E isso não vale só para relacionamentos amorosos, mas sobre tudo na nossa vida. Muita atenção!

"E quem um dia irá dizer que exste razão para as coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?"

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Ceticismo x forçar a barra - o difícil desafio de não estacionar em nenhum dos dois

Chega um momento, após estar solteira há um certo tempo, que a gente começa a perceber que o ceticismo tomou conta do nosso coração. Já perdemos a capacidade de acreditar que alguém pode gostar da gente pelo que somos de verdade, que alguém possa se abrir para te conhecer ou até mesmo que possa existir alguém sincero em meio a tanta falsidade, mentiras e futilidades.

Também começamos a questionar até que ponto esse ceticismo está disfarçando uma possível auto-sabotagem e esse é um momento crucial e perigoso. Atrás de uma negação, de não conseguir conceber que nos fechamos tanto para as possibilidades, começamos a querer forçar relacionamentos, interesses, e fingir coisas que não sentimentos para de repente nos convencer de que temos sim a capacidade de nos abrir.

Considero perigoso porque podemos cair na armadilha de achar que qualquer pessoa que seja menos pior ou boazinha ou sincera é o suficiente para nós.

Afinal, o que é necessário para construir um sentimento? Um relacionamento de verdade?

Já fiz isso algumas vezes na minha vida, mas confesso que agora com esse tempo recorde solteira, a tentação é ainda maior. Ainda bem que a maturidade também é e por isso é mais fácil identificar quando você está tentando enfiar o pé em um sapato muito apertado.

Cansei de perceber que alguns caras que não tinham nada a ver comigo tinham interesse nesse meu jeito espevitado (talvez pela curiosidade do diferente!), e me aproveitar disso para seduzir o cara. Não era por mal, nunca foi. Era sempre pensando: esse cara é bacana. Gente boa, inteligente, do bem, trata bem as mulheres. Vou me envolver com ele, preciso dar chance para pessoas assim.

Daí começava a ficar com pessoas que tinham zero afinidades comigo: super nerds, meninos caseiros demais, pessoas que não gostavam de viajar, caras passivos e até mesmo acomodados, e por aí vai. Pessoas que acabavam sendo overpowered pela minha personalidade. Eu achava que estava apaixonada - às vezes até estava pela ideia que tinha construído do cara -, quando de repente vinha aquela avalanche de percepções. "Esse cara não tem nada a ver com você", "Vocês não tem afinidades", "Nem o beijo encaixa direito", "Você mal tem tesão por ele", "Que admiração você tem por uma pessoa dessa?" e a lista não parava de crescer.

Até que eu não aguentava mais e pegava ranço da cara do sujeito. A situação ficava insustentável, eu não conseguia nem sequer olhar nos olhos da pessoa. Algumas vezes chegava a maltratar alguém que gostava de mim porque não conseguia controlar minha falta de interesse e paciência. Muitas vezes insistia, lá tava eu enfiando o pé no maldito sapato apertado, me enganando com frases como "é só uma fase", "isso vai passar", "não vai jogar um homem que gosta tanto de você fora". É claro que isso sempre acabava em eu dando um pé na bunda do cara, ele se perguntando "onde foi que eu errei?" e eu me sentindo a pior pessoa do mundo depois.

Estou me colocando de forma super vulnerável aqui para vocês. Depois do meu último namoro, até terapia fui procurar porque não conseguia entender o meu comportamento. Por que tenho tanta dificuldade em manter meus relacionamentos com esses caras tão "maravilhosos"? Qual é o meu problema, afinal?

Hoje consigo compreender que não adianta a gente forçar a barra com coisas que não nos pegam no coração de verdade. Ele pode ser o cara bacana que for, mas se não bater, se não der liga, se não tiver aquela afinidade gostosa, admiração e tesão, NÃO É PARA VOCÊ!

Mesmo quem gosta de ser solteira, tem seus muitos momentos de solidão e pensa: "será que vou ficar sozinha para sempre?". Esse medinho do futuro (não que tenha algum problema em estar sozinha!) às vezes nos faz fingir coisas só para não estar sozinha. Quantas amigas em relacionamentos infelizes eu ouvi dizer: "mas Dany, se eu termino com ele, vou ficar sozinha pra sempre! A coisa está feia!". Será possível que chegou-se ao ponto de acreditar que é melhor fingir ser feliz e estar morrendo por dentro do que aprender a gostar da sua própria companhia e se respeitar? Acreditamos de fato nessa balela toda de que só há uma fórmula para ser feliz e ela necessariamente inclui estar em um relacionamento amoroso?

O desafio é: sim, nos abrir para possibilidades, pessoas novas, coisas diferentes, mas ter a sensibilidade de perceber que se abrir não é a única coisa que falta para encontrarmos alguém especial. Existem vários caras bacanas que não vão se encaixar com você, com seus princípios, com seus gostos, com suas crenças e isso não faz deles (ou de você!) menos especial. Apenas não era seu número. AND THAT'S OKAY! A gente lamenta, parte pra próxima... e quem sabe qualquer dia o sapato entra no pé, bem confortável? E se não... oras... vamos andar com os pés descalços na areia, que cá entre nós, também é uma delícia!

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Às vezes eu queria ser menino

Às vezes eu queria ser menino. Experimentar o outro lado da moeda.
Como será não ter medo de andar na rua à noite? Não temer pela sua integridade física quando sente uma pessoa andando atrás de você?

Às vezes eu queria ser menino.
Não ter que ficar aturando todo mundo dar palpite no meu corpo, ditando regras de como devo me vestir, me portar, em que tom falar.

Às vezes eu queria ser menino! Ah, como eu queria!
Jamais ser rejeitado em uma entrevista de emprego por causa do meu gênero ou ganhar menos pelo mesmo motivo, apesar de conseguir desempenhar minha função perfeitamente.

Como deve ser... ser menino?
Nunca precisar ouvir "mulher não pode falar palavrão", "mulher no volante, perigo constante", "lugar de mulher é no fogão", "essa aí não é para casar", "mas também, olha o tamanho da saia dela! Tava pedindo, né?"

Cara.. ser menino deve ser demais!
Não precisar menstruar - e enfrentar todos os sintomas que vem com isso: ter cólica, TPM, dor de cabeça, espinhas na cara, inchaço no corpo, sensibilidade excessiva, variações de humor repentinas, dores nos seios, baixa auto-estima e ainda ter que ouvir que "é pura frescura".

Ser menino é legal!
Você não sofre as dores do parto e todas as cargas hormonais que vem com a gravidez. Não lida com as mudanças no corpo, com o excesso de vontade de fazer xixi, com dificuldade para dormir, com a preocupação de ter que amamentar. Não jogam para você a total responsabilidade de cuidar do bebê. Não dizem para você que o único jeito de ser completo é tendo um filho.

Ah, como eu tinha vontade de ser menino!
Não te chamam de encalhado se você demora a se casar e nem começam a questionar sua vida porque você fez escolhas diferentes da maioria das outras pessoas. Não te rotulam de "louca dos gatos", "solteirona", "ficou para titia".

Às vezes eu queria ser menino.
Para não ter que lidar com homem passando a mão em mim em festas, achando isso normal. Não me constranger ao passar por um grupo de homem, sabendo que provavelmente serei assediada. Deve ser legal não ter medo de ser agredida ao negar um beijo. Ou receber nudes não requisitados.

Sabe por que às vezes eu queria ser menino?
Para que, quando eu estivesse com raiva, não ouvisse "ih, tá de TPM, é?". Para que eu tivesse o direito de questionar as atitudes boçais dos homens, me defender, lutar pelo que acredito, sem ser chamada de feminazi, mal-comida ou louca histérica.

Se eu fosse menino, poderia ter total desapego ao sentimento de outras pessoas. Não precisaria me sentir horrível ao terminar com uma pessoa que fez parte da minha história, por saber que vou causar tristeza. Eu apenas trairia, ou ficaria com um comportamento estranho até o cara perceber que eu não tô mais a fim. Fazer um monte de cagada e depois ser validado pela frase "homem é assim mesmo", "isso é da natureza masculina".


Sim, porque se eu fosse menino, poderia tranquilamente transar no primeiro encontro sem ser categorizada como puta, fácil ou ser encaixada no grupo das que não são para casar. Eu poderia pegar várias numa noite e mesmo assim ser digno de ser amado e respeitado. Poderia ficar tirando onda com a galera, falando da intimidade das pessoas que fiquei e todo mundo daria risada, me achando super engraçado e macho-alfa.

Eita, como deve ser bom e fácil ser menino!




sábado, 3 de março de 2018

A sexualização das profissões

Outro dia estávamos eu e minhas amigas professoras comentando sobre como os homens sexualizam a nossa profissão. Uma amiga chegou furiosa contando que tem se irritado com vários homens - inclusive professores! - se referindo a ela como professorinha ("faltam pouco lamber os beiços", dizia ela), dizendo frases como "na minha época não existiam professoras de matemática desse jeito". Daí começamos aquela troca de experiências sem fim.

Ir para balada, conhecer alguém e dizer que é professora de inglês é sempre um convite para frases como "Se eu tivesse uma professora como você, eu não ia conseguir prestar atenção na aula" ou "Que dia você vai me dar umas aulas particulares?" e por aí vai. Oras, todos sabemos que conhecimento é afrodisíaco e que quando admiramos a inteligência de uma pessoa (e teoricamente professores são inteligentes), podemos nos sentir atraídos. Muitas profissões são fetiches para as pessoas, até aí não vejo nada de errado, até porque não gosto de me meter na sexualidade das pessoas, mas essa sexualização da profissão professor pode acabar por ultrapassar os limites do aceitável.

Quando você faz esse tipo de discurso, você acaba por trazer uma série de implicações que podem ofender as pessoas, como por exemplo insinuar que algum aluno está aquém do rendimento escolar por ter uma professora gostosa ou insinuar que matemática é muito difícil, portanto apenas mulheres feias (e poucas mulheres) são capazes de entender; mulher bonita costuma ser burra, portanto é surpreendente que uma mulher bonita seja professora de matemática. É a tal padronização da mulher pelo patriarcado: mulheres bonitas são fúteis e burras. Enquanto você me questiona aí do outro lado, dizendo que eu estou viajando, forçando a barra, responda essa pergunta: "Você acha que alguma Panicat é inteligente?". Guarde a resposta no seu coração e reflita.

Não só a profissão de professora sofre essa sexualização, mas pensei aqui em mais duas que também são pesadamente sexualizadas: enfermeiras e comissárias de bordo (aeromoças).

A profissão de enfermeira é sexualizada desde que o mundo é mundo. Se você vai a uma loja de fantasia procurar uma fantasia de enfermeira, você nunca vai encontrar uma fantasia normal, roupa branca, os acessórios e afins. Vai sempre ser uma lingerie transparente, um top mega decotado ou uma saia mostrando a popa da bunda porque afinal, toda enfermeira é safada, vai trabalhar semi-nua e sua principal função é dar banho nos pacientes. Oi? Você está aí pensando de novo que eu estou viajando, não é? Então faz o seguinte: joga a palavra "enfermeira" no Google Imagens. Guarde no seu coração e reflita. Como análise adicional, homem que é enfermeiro é gay, viu? Isso não é coisa de hetero. Homens de verdade são médicos, não enfermeiros. (Atenção para alta dose de sarcasmo!)



Na tirinha, episódio de FRIENDS em que uma namorada do Ross resolve ir de enfermeira e o Chandler já associa com safadeza.

- O Joey vai ficar muito feliz! Ele estava torcendo para você vir de enfermeira safada.
- Na verdade, sou apenas uma enfermeira.



E as comissárias... ah, as comissárias! Como não amá-las? Sempre impecavelmente penteadas, maquiadas, vestidas e aquele sorriso branco no rosto! Quantos filmes, videoclipes e afins nós vimos sobre o quanto elas são sexy e como elas dormem com todos os pilotos da companhia aérea e por isso chegaram onde chegaram? Hoje em dia temos visto um movimento maior de homens na profissão, mas encontramos o mesmo preconceito dos enfermeiros: os homens macho-alfa são os pilotos. Comissário homem é tudo viado. (mais dose de sarcasmo por aqui). Para ilustrar o a problemática: em um episódio de Sex and The City, a personagem Miranda,, advogada bem-sucedida, vai a um evento chamado Speed Dating, onde cada pessoa tem 7 mini-encontros de 8 minutos. Toda vez que ela diz ser advogada, os homens não tem interesse. Pra testar uma teoria, ela diz que é aeromoça no último e o rapaz fica todo animado. Eis a cena no link abaixo (sem legenda):

www.youtube.com/watch?v=lU7alwkLuE8 (por algum motivo o Blogger não tá postando o link, então tá aí o endereço da cena para você colar no seu browser)

Para finalizar: o que estou querendo dizer com tudo isso é que precisamos tomar mais cuidado ao transformar certas profissões em fetiche. Aquele cuidado para não acabar diminuindo a importância do trabalho de uma pessoa, de reduzir a luta, o talento, a inteligência de alguém por exagerar na sexualização de tudo, especialmente das mulheres. Aquele toque amigo da blogueira! ;)


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Papo sério - por que o uso de proteção está sendo ignorado?

Boa noite, pessoal!

Hoje vou deixar um pouco de lado as piadinhas e sarcasmos para falar de um assunto muito sério: a quantidade de gente fazendo sexo sem camisinha.

Estava lendo uma reportagem agorinha que alertava sobre os números altíssimos de DST que figuram aqui no Brasil. O número disparou nos últimos tempos simplesmente porque o brasileiro anda bem despreocupado em cuidar da saúde sexual - da sua própria e de seu/sua parceiro (a).

A verdade é que as pessoa andam se preocupando só com gravidez e quando descobrem que suas parceiras tomam anticoncepcional relaxam de vez. Até mesmo quando elas não usam, eles fazem aquela velha sugestão simples "qualquer coisa é só tomar pílula do dia seguinte".

Tem muita coisa errada nesse pensamento. Para começar, vamos falar do efeito da pílula do dia seguinte no corpo de uma mulher. Esse comprimido é nada mais nada menos que uma BOMBA DE HORMÔNIO (com efeito abortivo segundo pesquisas). Ele não só causa um efeito que não necessariamente seria a intenção de quem toma e nem é 100% garantido, mas faz um mal danado à saúde da pessoa. O remédio é tão forte que não é recomendado que se tome mais de uma vez em 6 meses. E é muito simples para o homem contar com isso, pois afinal de contas, ele não sofrerá as consequências e mais uma vez o fardo de se cuidar recai única e exclusivamente sob a mulher. A gente escuta tanto "mas com camisinha é muito ruim" ou "eu não consigo sem camisinha", que já perdi as contas.

Segundo e não menos importante, vem a falta de preocupação com doenças sexualmente transmissíveis. Aquela velha síndrome do super-homem, onde você acha que essas coisas só acontecem na TV ou com os outros, mas que seu santo é forte e você nunca vai passar por isso. A preocupação com o outro então é inexistente! Se você não está preocupado com sua própria saúde, é óbvio que se importará muito menos com a dos outros.



"Quase quatro em cada dez brasileiros de 18 a 29 anos ouvidos na pesquisa “Juventude, Comportamento e DST/Aids”, que entrevistou 1 208 pessoas nessa faixa etária em 2012, admitiram não usar preservativo em sua última relação. É mais uma evidência que corrobora uma triste constatação: nesse grupo, o fator de risco para doenças que mais cresceu nas últimas duas décadas foi o sexo inseguro. De 1990 a 2013, migrou da 12ª para a 2ª colocação na faixa dos 15 aos 19 anos e do 6º para o 2º lugar para quem tem entre 20 e 24 anos – só perde para o consumo de álcool."




Se esses dados não forem alarmantes para vocês, não sei o que será.

Todos nós já acabamos caindo na tentação e transando sem camisinha, porque CLARO, é muito mais gostoso, mas será que vale a pena o risco?

Com o Brasil sendo país referência no combate à AIDS e hoje em dia ser muito difícil ouvir falar de alguém que contraiu o vírus e morreu por causa dele, parece que as pessoas se tornaram auto-confiantes ao extremo e acham que não tem problema praticar sexo inseguro. Mas e as outras DSTs? Você está interessado em contrair gonorréia, HPV, sífilis, hepatite B, entre outras, só porque camisinha tira um pouco da sensibilidade do órgão?
Será que não é possível encontrar prazer no ato como um todo, em todas as partes do corpo, no envolvimento, ao invés de ficar focado em um pequeno e rápido desconforto que pode salvar a sua vida?

Gente, é o seguinte: sexo é uma delícia. Sexo sem camisinha então, nem se fala (nem vou mentir dizendo que é ruim!). Mas VIVER e COM SAÚDE é ainda mais! Então coloquemos todos nossas mãos na consciência e tomemos mais cuidado conosco e com a pessoa que está dividindo esse momento de intimidade com a gente! Que tal jogar essas estatísticas ruins lá para baixo? Vamos fazer nossa parte?! =)

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Homens Ruffles - vistosos por fora, vazios por dentro

Olá, galera!

Estamos aqui para fazer a primeira catalogação de espécie macholina de 2018! Fazia tempo que não encontrávamos uma nova espécie na fauna! Não que fosse novidade, mas quando as histórias e reclamações começam a se repetir demais, vejo a necessidade de catalogar, para não perder nenhum detalhe da biologia masculina.

Dito isso, vamos ao que interessa!

Entrei 2018 com aquela positive vibe, comecei o ano postando uma história fofa e maravilhosa de amor, mas pelo jeito as coisas não vão melhorar muito por enquanto.

Parece que ultimamente os homens estão com uma imensa preguiça de interagir e deixando o cérebro de lado quando se trata de se aproximar do sexo feminino. É inacreditável a quantidade de besteira que a gente anda ouvindo por aí e a falta de qualidade nas "conversas" - se é que posso chamar de conversa o que anda acontecendo ultimamente.

Um cara que aparentemente estava a fim de você chegar te "insultando" como forma de chamar sua atenção está na moda.

"Nossa, você está muito branquela" quando você volta da praia ou "Que nerd" quando você está assistindo a alguma série da Netflix, entre outras, viraram coisas comuns e a gente fica daqui se perguntando: "Ok, podia ser uma piada para puxar assunto", mas daí fica por aí e você fica "ueh?"

Tá lado a lado com aquele cara que dá match com você no Tinder e acha super apropriado iniciar a conversa dizendo "bela língua" só porque você tem uma foto engraçadinha dando língua no perfil. Classifico esse junto com o cara que assobia/buzina para você na rua. O que eles acham que vai acontecer? Que vamos achar super sexy, parar e agarrá-los? O cara que puxa assunto dessa maneira acha mesmo que eu vou me dar ao trabalho de responder um negócio desses?! Oo

Sem contar com aquele cara que só quer sair com você no meio da semana, porque afinal de contar "sábado é dia de balada" ou aquele que, só porque você não tem medo de falar abertamente de sexo, acha que não precisa se esforçar nenhum pouco e te trata como lanchinho da madrugada sem a menor cerimônia até mesmo antes de transar com você.

Só tenho uma pergunta a fazer: o que aconteceu com o hábito de CONVERSAR? Sério, tem alguma coisa errada. Porque vocês são inteligentes, a gente sabe. Aonde vai parar tudo isso quando o assunto é se relacionar conosco? Será que vocês de fato acham que não merecemos/queremos um bom papo?

Deixa eu dar uma notícia aqui para vocês: inteligência é afrodisíaco. Bom papo é essencial. Não adianta parecer aquele saco de Ruffles super brilhoso e quando abrir só ter ar dentro. A gente quer conteúdo. E não, não interessa se vai ser só casual, ninguém quer ir para cama com uma ameba que mal sabe conduzir uma conversa decente.

Sejam interessantes, for God's sake!




quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Final feliz

Boa noite, gente desocupada que vem ler as baboseiras que eu escrevo!
[brincadeirinha, amores, mamãe ama vocês! Continuem vindo!]

Feliz 2018, gente! Esse ano será um ano em que particularmente estarei me esforçando para sempre ver o lado bom das coisas! 2018 com mais leveza, mais empatia, mais compreensão! Espero que os homens colaborem com meu projeto Danyzinha Paz e Amor HAHAHAHA

Nessa pegada, gostaria de iniciar esse ano de um modo diferente! Digo diferente porque INFELIZMENTE conto mais mancadas do que sucessos nesse blog, mas tenho uma estória bem fofa e inspiradora para contar para vocês! Quem sabe assim a gente começa plantando aquela árvore da esperança, não é mesmo?!

Let's go!

Era uma vez uma princesa gótica suave que teve 50mil problemas familiares durante toda a vida. A relação com a mãe sempre foi conturbada, com o pai pior ainda. Fazer amigos, criar intimidade, expressar sentimentos, nada disso era muito fácil para ela.

Talvez por isso, ela tivesse dificuldade de estar sozinha. Fazendo a linha psicóloga charlatã de ciências ocultas - como diria o Chicó em "O Auto da Compadecida" -, creio que ela buscava em seus relacionamentos amorosos uma espécie de compensação por todo o amor e carinho que ela não encontrava no seio familiar.

Casou cedo com um rapaz que conheceu no trabalho. Não posso tecer muitos comentários sobre essa relação porque eu não a conhecia nessa época, mas o fato é que a relação acabou em separação. Logo ela se envolveu com outro rapaz do trabalho também (e começou a morar com ele pouco tempo depois), que foi a primeira relação que acompanhei de perto.

Nesse relacionamento, nossa heroína sofria um gaslighting pesado (abuso psicológico). Seu companheiro estava sempre fazendo-a acreditar que ela não era boa o suficiente, colocando-a pra baixo o tempo todo, abusando da boa vontade dela, criticando-a em tempo integral. Com ele, ela estava sempre com a auto-estima no chão. Ela tinha aura pesada. O cara não colaborava em casa com nada: nem com tarefas domésticas, nem com dinheiro muitas vezes, enfim, um cara absurdamente acomodado, folgado, mas com um poder muito grande sobre a mente dela. Por muitas vezes, ela desabafava comigo e eu tinha vontade de pegá-la no colo, explicar o que estava acontecendo, fazê-la enxergar, mas sabemos que só a própria pessoa pode resgatar a própria vida.

Um belo dia, ela teve coragem. Acordou empoderada e mandou ele pastar.

Todas - inclusive eu - a aconselharam a ficar sozinha por um bom tempo. "Pelo menos um ano", a gente sugeria. Afinal de contas, ela nunca tinha vivido solteira! Tem menos de 30 anos e nunca tinha feito umas loucuras, viagens, ficado com várias pessoas, dado aquele tempo para auto-conhecimento.. enfim! Ela concordou e saiu da casca.

O "problema" é que, quando ela saiu, deu de cara com ELE. No dia que eles se conheceram, eles foram para cama. É óbvio que ele não vai mais ligar. Ótimo, porque ela queria ficar sozinha, né? Mas ele não era qualquer ele.

Ele não só ligou, como nunca mais saiu do lado dela. E sabe o que é ter alguém do seu lado? DE VERDADE? Alguém que te trata como você merece?

"Quero cortar o cabelo Joãozinho" "Corte. O cabelo é seu! Vai ficar linda de qualquer jeito"

"Quero colocar silicone" "Eu não acho que precisa, mas se você quer, dou o maior apoio. O corpo é seu, você tem que se sentir bem com ele"

"Vou chegar tarde do trabalho hoje! Tô tão cansada!" "Eu sei, amor. Já arrumei a casa toda e fiz a janta."

"Tenho sonho de aprender a tocar violão" "Eu te ensino"

"Sofri um acidente de moto, não vou poder dirigir por um bom tempo" "Eu acordo todo dia 5h da manhã e te levo no trabalho, para você não ter que pegar ônibus sozinha tão cedo"

"Não me dou bem com minha família" "Não tem problema. Eu vou visitar sua mãe com você assim mesmo"

"Gostaria que você fosse viajar comigo e com minhas amigas, mas você vai estar trabalhando ne" "Eu vou com vocês, passo um dia e volto"


Entre mil outras coisas que eu já ouvi/vi ele fazendo por ela... Ela tinha que ficar um ano solteira, só para seguir o plano, quando tinha encontrado o amor da vida? A pessoa que mais a respeitou e amou nesse mundo? Não deu... o plano foi por água abaixo! E ainda bem!

Os dois pombinhos ficaram noivos ano passado, um ano depois de se conhecerem. O pedido? Ele, músico, convidou-a para cantar uma canção com ele em um show e aproveitou e fez o pedido lá em cima mesmo.

Nossa gótica suave anda vestindo roupa branca, usando saia florida, abraçando mais as pessoas... Nunca mais se viu aquela sombra sobre sua cabeça! Ela finalmente foi amada como merecia!

Eu pedi autorização dela para publicar essa love story porque no fundo é isso que a gente quer, né?! Alguém para dividir nossos sonhos, nossas inseguranças, que acompanhe nossas loucuras, que apoie nossas decisões, que encoraje nossos sonhos!

A vocês, casal querido, todo o amor do mundo! Toda a felicidade que se pode imaginar!

E a nós, como expectadores, que possamos acreditar que amor de verdade existe e é assim... Não muito como conto de fadas da Disney, magicamente acontecendo, mas com muito respeito, coragem e companheirismo!

Simbora, 2018! BE NICE!