quinta-feira, 22 de junho de 2017

A guerra dos sexos

Parece que está tudo em paz entre homens e mulheres (??), mas a verdade é que há uma guerra fria no mundo heterossexual.

De um lado, mulheres absolutamente céticas. De outro lado, homens absolutamente superficiais.

Eu não estou aqui para dizer quem está certo e quem está errado. Na realidade, essa guerra só tem perdedores.

Houve um tempo em que a gente tinha mais curiosidade uns pelos outros. Houve um tempo em que era preciso primeiro conhecer as pessoas e só depois decidir dispensá-las ou assumi-las. Hoje, está tudo pré-definido.

As mulheres estão absolutamente céticas e desconfiadas. Nunca a máxima "nenhum homem presta" foi repetida com tanta segurança e certeza. Deixamos de acreditar, vivemos por aí com os escudos levantados, sem ter coragem de baixar a guarda e desconfiando de qualquer comportamento fora do normal.

Os homens estão por cima da carne seca e nunca a máxima "não quero nada sério" ou "não quero me envolver com ninguém" foi repetida com tanta segurança e certeza. Eles deixaram de acreditar que as coisas precisam de tempo para acontecer. Acham que todas as mulheres querem namorar, casar e que todas vão se apaixonar por eles. E saem correndo feito bicho com medo de ir parar no zoológico.

Esses dias, depois de mais uma piada sarcástica sobre o desvio de caráter masculino, ouvi de um rapaz com quem estava saindo: "eu não tenho culpa de suas experiências ruins". Me fez refletir bastante sobre como eu cheguei ao ponto em que estou hoje. Estou chata. Não acredito em nada e provavelmente essa energia negativa emana e atrai uma quantidade inenarrável de homens babacas.

Lá fui eu tentar ao máximo baixar a guarda, tentar acreditar no que ele estava falando, quando depois de alguns bolos e sucessivas mancadas, ele finalmente entrou para mais um "culpado pelas minhas experiências ruins".

Ontem, desabafando com um amigo sobre esse assunto, contando sobre a minha falta de fé nos homens, ele - que recentemente terminou um namoro longo e mal sabe o que está pegando por aí - disse: "Nossa! Você é a quarta mulher que me fala isso em uma semana!"

Aí depois de, por um momento, achar que estamos ficando loucas ou paranóicas, percebemos que é um sentimento generalizado, e não individual. É meu, das minhas amigas, das amigas das amigas. Da galera da Internet. Da igreja, da balada, e até quem mal sai de casa tá se lascando por aí.

O que aconteceu com o velho "conhecer uma pessoa de verdade, sair, refletir, deixar rolar e só depois decidir se a pessoa é boa pra você ou não?"

Porque as mulheres já conhecem os caras esperando o pior e os homens já conhecem as mulheres fugindo para as montanhas a fim de evitar qualquer tipo de envolvimento?

De onde tiraram que gostar de alguém é ruim? De onde tiraram que todo mundo se comporta do mesmo jeito? Onde foi parar nossa paciência, nossa fé, nossa esperança, nossa vontade de sentir coisas boas, de viver momentos bacanas sem rotular tudo logo de cara?

Vocês não acham que está exaustivo vivermos uns fugindo dos outros? Será que é mesmo necessário a gente evitar se envolver com medo de sofrer?

Será que nós mulheres precisamos beijar um cara já pensando "ih, esse aí é só mais um que não vale nada"?

Será que vocês homens precisam beijar uma menina já pensando "assim que eu conseguir transar, vou dar no pé"?

Não seria melhor - e MAIS JUSTO - a gente primeiro saber quem é a pessoa que estamos conhecendo antes de rotular a pessoa e a relação (e importância) que teremos?

Será que possível acabar com essa guerra e voltarmos a viver em paz?

segunda-feira, 12 de junho de 2017

A fórmula da felicidade

É cruel. A gente nasce com tudo definido. Já pensou no quanto isso é cruel?
Temos a fórmula da felicidade. Nasce, cresce, casa, se reproduz, se aposenta e morre.
Você namora uma pessoa legal, dá certo durante anos, vocês continuam juntos até chegar aos (ou pertinho) 30.
Começa a panela de pressão. De fora e de dentro.
A sociedade, os amigos, a família. "E esse casamento, sai ou não sai? Já tá na hora, né?"
Aquela voz interior também incomoda. "Por que ele não me pediu ainda?" - e pior que às vezes sem nem você ter parado para refletir se aquilo é genuinamente um desejo seu. Se aquele é realmente o seu destino ou se você comprou a ideia porque estão juntos há vários anos.
Vem de lá também. Ele pensa: "Meu Deus, o cerco está fechando. Tenho que casar com ela. Mesmo sem me sentir preparado, sem ter certeza."
O fato é que não há espaço para dúvidas.
Diante desse turbilhão de emoções, você se vê pressionado a ceder a tal felicidade que te impuseram.
Você perde a coragem de querer o que você realmente quer.
De se questionar. De se dar o direito de duvidar. De se dar o direito de terminar relacionamentos teoricamente perfeitos.
De buscar outro caminho, de duvidar que existam outros caminhos que tragam felicidade.
E é cruel.
A gente perde a coragem de ousar ser feliz de outra forma. Ou de pelo menos tentar.
Traçaram nossos destinos na maternidade e ai de nós se tentarmos pegar outra estrada.
Tememos as mudanças, o novo, a curiosidade.
E multiplicamos relações assexuadas, relações de mentirinha, felicidade de Facebook e Instagram, rotinas maçantes.
Acabamos por multiplicar sonhos frustrados, experiências enterradas, traições, desejos reprimidos.
É, mundo... Você nos podou. Nos podamos. Deixamos que nos ditassem o que seria melhor para nós.
E agora... como fugir?