sábado, 25 de agosto de 2018

Quando seu egocentrismo te transforma num completo idiota

Olá, leitores amados!


Eu não sei se o povo anda confundindo auto-estima com arrogância ou se chegamos a um ponto em que pessoas bonitas acham que têm licença para serem completos idiotas e que sua beleza valida qualquer tipo de comportamento tosco que eles possam ter. Eu tenho certeza que isso não é uma exclusividade masculina, mas como são com eles que lido diariamente enquanto mulher heterossexual, vou contar causos que exemplificam o quanto as pessoas estão sendo egocêntricas sem nem disfarçar.

Eis que essa semana recebi um convite de um rapaz do Tinder para tomar um sorvete. Legal. O problema foi quando fomos decidir o local. A princípio ele disse apenas que queria um lugar não muito caro. Sugeri dois lugares e ele descartou os dois, com argumentos bem rasos e defendendo um sorvete que ele toma toda semana no mesmo lugar. Primeiro ponto: se ele queria tanto ESSE sorvete, por que já não disse logo "Vamos tomar ESSE SORVETE NESSE LOCAL?". Eu disse que tudo bem a gente ir no tal lugar que ele gostava, mas que aí eu teria o direito de escolher o sabor do sorvete (resumindo muito, porque ele ficou 3 anos reclamando das minhas sugestões). Para minha surpresa, ele respondeu "então, não". Eu com cara de choque sem acreditar que ele tava dando tamanha importância para o sabor do sorvete, não conseguia abstrair o fato de que, desde o começo, antes mesmo de nos encontrarmos, a minha opinião já não valia de nada pra ele. Que ele tinha sérios problemas com ceder ou chegar a um consenso. Aí ele disse que então iríamos comer e cada um pedia o seu. Eu concordei - já meio brochada com aquela situação, mas pensando que seria injusto dispensá-lo antes mesmo de conhecê-lo pessoalmente - e sugeri um lugar que tem uma variedade grande de comida e que tem preços acessíveis. Ele disse que ia pensar, que a comida de lá era ruim e que só o açaí prestava. Engraçado... cheio de restrição, mas sugerir um local que é bom, nada né? Aí eu disse que estava aberta a opções. Hoje pensei em como fui legal com um cara CHATO PRA CACETE. Um cara que se mostrou super egocêntrico e intolerante. Ficamos nessa de não decidir nada. No dia seguinte, o egocentrismo - para não dizer megalomania - dele ficou cada vez mais claro. Em seu instagram, ele postou 3 enquetes. Temas:

- O que você mais gosta no meu Insta?
- Eu sou ou já fui seu crush?
- O que você não gosta em mim?

Eu ri, com uma pitada de desespero, confesso. E veio aquela luz de que aquele moço só estava aberto a se relacionar com pessoas dispostas a se anular para agradá-lo. E mamy... não serei eu, né? Nunca precisei!

Chegou mensagem dele dizendo que estava meio "bleh" e que ia se encontrar com uns amigos no OUTBACK (bem econômico né?), que eu desculpasse e compreendesse. Eu apenas disse, "ok, sem problemas". E hoje chegou um convite para um almoço quase 14h. Eu agradeci e disse que já tinha almoçado. Nem tinha. Mas não né?

Compartilhando a história com minhas amigas, começaram a chover outras anedotas.

"Um dia estava em uma festa e um cara passou a noite toda me olhando. Eu achei ele bonito e de vez em quando olhava de volta, mas nada demais. No fim da festa ele resolveu chegar em mim com a seguinte frase: 'eu reparei que você passou a festa toda me olhando'. Eu disse que não foi bem isso e ele disse que queria me conhecer. O problema é que ele não queria bem me conhecer, mas sim ficar falando dele mesmo. Dizendo que era estudante de medicina, que ia ser muito rico, que os pais dele eram donos de hospital e que ele queria se especializar em nutrologia. Eu, nutricionista, disse que trabalhava na área e ele tentou de todas as formas diminuir a importância da minha profissão. Quando eu tentei defender, ele perguntou porque eu estava tão nervosa e disse que eu não precisava me preocupar porque ele me daria um emprego no hospital da família dele." {clássico caso de gaslighting}

"Eu fiquei com um menino que só falava de si mesmo o tempo todo. Dizia que ele era o melhor em tudo o que fazia, o mais inteligente da faculdade, que gostava de estudar sozinho porque ninguém conseguia acompanhar a inteligência dele. Ele não conseguia tirar dúvidas na faculdade porque ninguém conseguia atingir o nível das perguntas que ele fazia. E quando eu tinha espaço pra falar, que falava de coisas da minha área, ele sempre me interrompia e rebatia, como se soubesse mais do que eu da minha própria área. Tudo o que eu fazia, ele dizia que fazia melhor e debochava de mim, rindo das coisas que eu falava." {clássico caso de mansplaining}

"Eu saí com um cara que ficava me perguntando o que tinha me atraído nele, o que eu mais gostava nele, o que tinha chamado minha atenção nele. Na cama, perguntou "você é difícil de gozar, né? [eles nunca acham que estão mandando mal e por isso não gozamos]" {clássico caso de egocentrismo}

Eu não tenho como expressar nosso sentimento quanto a isso. Queria saber quando foi que essa gente começou a achar que o mundo gira em torno do próprio umbigo, porque não existe explicação plausível para sair por aí distribuindo tanta idiotice gratuita. Apenas parem. Tá feio.

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Para ajudar a entender o post de hoje, quero deixar a definição de 2 termos que usei aqui e que muitos de vocês podem não conhecer.

MANSPLAINING
: uma junção de MAN (homem) com EXPLAINING (explicando) do inglês. Usamos essa palavra pra definir aquele momento em que um homem quer ensinar a uma mulher algo que ela já sabe e demonstra claramente saber, mas ele insiste porque, para ele, uma mulher necessariamente não teria capacidade intelectual para compreender um determinado assunto; e como homem, é impossível que você não saiba melhor do que ela.

GASLIGHTING: é uma forma de abuso psicológico no qual informações são distorcidas, seletivamente omitidas para favorecer o abusador ou simplesmente inventadas com a intenção de fazer a vítima duvidar de sua própria memória, percepção e sanidade. É muito comum ouvir o homem chamar a mulher de louca, nervosa, doida estressada, a fim de tirar a validade do que ela diz ou sente.