terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O que você tem a oferecer?

É engraçado como as coisas mudam com o passar do tempo. Vamos crescendo em idade e junto disso vem a maturidade e o entendimento de certas coisas que costumávamos fazer e acabavam nos dando muita dor de cabeça. Infelizmente - ou felizmente, porque afinal a vida tem que ter emoção! -, não aprendemos tudo, mas algumas lições ajudam a lidar melhor com nossos desejos e também com as nossas frustrações.

Todo mundo sabe que não existe ninguém perfeito e que quando começamos a nos relacionar com alguém estamos sujeitos a sofrer com os defeitos da outra pessoa e ela com os nossos. Apesar de sabermos disso, tenho a impressão de que por vezes esquecíamos que é impossível encontrar uma pessoa que atenda a todas as nossas necessidades e que tenha todas as características que procuramos em um significant other. De repente, lá estávamos nós tentando, a todo custo, modificar aquela pessoa imperfeita, na vã esperança de que o transformaríamos em nosso príncipe encantado. Por que nunca paramos para nos dar conta de que seria mais fácil aceitar que o outro tenha defeitos ou cair fora porque não aceita? Por que tanta insistência em querer mudar alguém? Quanto de nós mesmos estamos dispostos a mudar para atender às necessidades do outro?

Quando você se dá conta de que não tem jeito mesmo, todo mundo vem com defeito de fábrica - inclusive você! -, você começa a modificar seu pensamento. Chega um ponto em que todos sabemos o que queremos em um relacionamento. Nem digo em uma pessoa, mas na forma como ela se relaciona com você. Agora, ao invés de pensar "ele podia ser mais carinhoso" ou "ele podia me ligar mais vezes ao dia" ou "ele podia frequentar mais as festas da minha família" ou "ele podia falar três línguas", passamos a pensar: "ele é assim. Estou disposta a aceitá-lo com tudo de bom e ruim que ele é?". Ou ainda: "isso é o que ele tem para me oferecer. Será suficiente para mim?"

O segredo é mudar o foco. Ao invés de pensar em moldar a outra pessoa para que ela fique como você quer, o negócio é entender a relação entre o que você quer e o que o outro tem a oferecer.

Claro que tem coisas que podem ser resolvidas em uma conversa, que relacionamento é ceder de um lado e de outro, e acredito que estar em uma relação significa abrir mão de certos hábitos nossos (ou ao menos se policiar) que possam chatear ou magoar a outra pessoa. Mas me parece que não conseguimos internalizar de que nunca vai haver alguém que atenda 100% das nossas necessidades e é por isso que ficamos por aí perdendo nosso tempo atrás de algo que não existe.

Você tem todo o direito de querer um certo tipo de relacionamento. Mas não pode obrigar o outro a querer o mesmo que você. A te oferecer o que ele não tem para dar. Então a decisão é sua: o que ele pode me oferecer é o suficiente para me fazer feliz? E daí você vai ter que abrir mão de alguma coisa: ou desse romance que não está preenchendo suas expectativas ou de certas exigências da sua lista do relacionamento perfeito.

Enfim, tudo isso para dizer que não adianta a gente ficar por aí tentando transformar sapo em príncipe - e nem sapa em princesa, for that matter. Aceita que o sapinho tem defeitos, que vai ter dificuldade de atender certas necessidades suas e tome sua decisão: sou capaz de viver com isso? Tá bom ou eu quero mais? E assim que você decidir, vai ter bem mais autonomia sobre seus desejos, frustrações e relacionamentos.

"Vivendo e aprendendo a jogar
Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo
Mas aprendendo a jogar."

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