quarta-feira, 18 de março de 2015

A coerência entre o falar e o fazer

Acho que uma das coisas mais difíceis da vida é manter a coerência entre palavras e ações. O velho "faça o que eu digo, não faça o que eu faço".

Tenho uma amiga que esses dias cortou um dobrado para o pai ser atendido num hospital público e de repente começou a gritar "Vota na Dilma, vai! A culpa é de vocês!" (como se os hospitais tivessem sido bons em algum governo né? O negócio é que só quando atinge alguém da nossa convivência é que a gente começa a dar alguma importância). Mas enfim, sei que alguns dias depois ela estava me contando que comprou drogas de um amigo policial e estava achando isso um máximo. Alguns meses atrás também tinha me dito que ia fazer um boletim de ocorrência falso de seu Iphone para que a empresa telefônica pudesse dar um celular novo para ela. Ou seja, a corrupção do governo é condenável, mas a dela não.

E isso acontece o tempo todo, com pequenas coisas que acontecem na nossa vida amorosa também. Quantas vezes você se viu dizendo para sua amiga "Você tem que se valorizar!" e quantas vezes você se pegou sofrendo por um cara que não está nem aí para você? Quantas vezes você incentivou sua amiga a dar uma nova chance para alguém e você mesmo nunca foi capaz de fazer igual?
Enfim, a verdade é essa: a gente vive por aí distribuindo ótimos conselhos que nós mesmos não seguiríamos.

Oras, que dificuldade é essa de pôr em prática, na nossa vida, aquilo que tanto acreditamos e defendemos na teoria?

Eu vivo por aí defendendo o direito da mulher de tomar a iniciativa na hora da paquera, que o fato de ela demonstrar interesse pelo cara que ela quer não a diminui em nada, e de fato eu acredito nisso. Outra frase que vive saindo da minha boca tão filosófica é "tudo bem você ter medo, contanto que esse medo não te impeça de fazer o que você quer".

E aqui estou eu, toda boba, louca para convidar um rapaz para uma "inocente" cervejinha e não tenho balls. Simplesmente travei. Eu, que nunca tive problemas com isso. Eu, que sempre fui corajosa e sempre fui muito mais de me arriscar do que ser paralisada por um medo de tomar um toco ou me expor.

Fico pensando se os homens também ficam questionando sua auto-estima antes de chamar uma moça para sair. Se eles ficam ponderando na cabeça qual é a chance de dar certo, calculando os riscos antes de tomar o primeiro passo. Ou será que eles já estão acostumados a se expor, se mostrar vulneráveis e ficar na posição de ouvir sim ou não? Ou se de repente já vem com uma coragem extra ou frescura a menos no DNA?

É, porque let's face the truth: se eu chegar lá e fizer o convite, eu corro o risco de levar um não. Ok, o que isso vai mudar na minha vida? Vamos analisar friamente: eu vou querer arranjar um buraco para me esconder de tanta vergonha. Minha auto-estima vai dar uma bela caída. Vou ficar uns dias me sentindo mal. Mas semana que vem já normalizou tudo. Continuarei com o mesmo emprego, morando no mesmo lugar, com saúde, e de brinde sem aquela ansiedade que tem me corroído há dias de tanto ficar pensando "should I stay or should I go?". Como diria Nelson Ned, "tudo passa, tudo passará". Jé me recuperei de outros pés na bunda, não vou morrer por causa de mais um, right?

E por que diabos só pensamos na parte negativa? É aquele negócio: se alguém te fizer 100 elogios e 1 crítica, você vai ficar obcecado com a crítica e esquecer a centena de elogios.
Porque eu não penso no que pode acontecer se eu conseguir um SIM? Vai que ele é mente aberta e acha super legal eu ter tomado a iniciativa, a gente sai, curte, dá tudo certo? Por que sempre focar no que pode dar ERRADO se existe a mesma probabilidade de dar CERTO?

E se dessa coragem dependesse - vai que depende! - o futuro das relações? I mean, as coisas estão ruins, então alguém tem que fazer algo para mudar o algo com o qual não está satisfeito (oi!). Não adianta nada reclamar e continuar de braços cruzados endossando o comportamento que você acha nocivo.

Dito isso tudo, admitindo minhas fraquezas, anseios e receios, analisado a situação, será que agora crio a tal coragem?

Um comentário:

Anônimo disse...

Aplaudindo de pé!!!

Inté

Leo Villa