segunda-feira, 10 de março de 2014

Dia Internacional da Mulher e as conquistas que ainda não alcançamos

Mesmo estando um pouco atrasada, gostaria de falar algumas coisas sobre o Dia Internacional da Mulher.
É recorrente encontrar pessoas falando das coisas que já conquistamos, mas ouço pouco sobre as coisas que ainda não conquistamos.
O mais louco disso tudo é que nós conquistamos coisas grandiosas como o direito ao voto, o direito à educação, o direito de dirigir, de usar calças, entre outros; porém, o que aparentemente parece ser mais fácil de atingir, tem sido uma batalha diária: o direito de existir como mulher e ser respeitada e compreendida como tal.
Do que eu estou falando?
Eu estou falando de não ter que passar por situações como essa:

- Eu estou passando na rua, normalmente, quando à frente encontra-se um grupo de homens. Um grupo qualquer. Pode ser de garis, de pedreiros, de estudantes, de advogados.
Quanto mais eu me aproximo, mais vergonha eu sinto, e mais abaixo a cabeça, porque sei que eles vão fazer algum comentário sexual, alguma piada de duplo sentido, vão me assediar de alguma forma - até mesmo com um BOM DIA cheio de malícia - e vão me fazer me sentir como se eu tivesse escolhido o caminho errado a seguir. Como se eu tivesse que ter passado pelo outro lado da rua ou dado a volta para não ter que cruzar com eles. Aquele momento em que o grupo para de falar ou fazer o que estavam fazendo, enquanto eu passo. Aquele momento em que eu me sinto um pedaço de carne, passando por um bando de leões. Aquele momento em que não sou respeitada como um ser humano comum, mas violada como uma coisa qualquer.

- Eu estou com calor e saio com uma roupa curta ou decotada. Os homens do local se acham no direito de me agarrar à força e tentar passar a mão em mim quando me encontram. Se acham no direito de julgar o meu caráter, porque mulher que veste roupa curta, é, "obviamente uma vadia".

- Estou solteira e fico com quem eu quiser. Não sou levada à sério porque, é claro, se eu fico com várias pessoas na minha solteirice, sou - novamente! - uma vadia que não pode ser apresentada pra mamãe. Ele, que fica com várias enquanto solteiro, é, claro, o garanhão do pedaço.

- Decido não me casar (ou demoro para casar) e ter filhos mesmo assim. Sou julgada como problemática, estranha ou encalhada porque não me contentei com as porcarias que o universo me mandou.

- Falo palavrão, bebo cerveja, saio sem maquiagem ou salto, uso cabelo curto. Sou mulher-macho ou sapatão, porque mulher tem que ser delicadinha, falar baixo e beber coquetel de frutas.

- Não sei cozinhar. Ouço frases como "Que tipo de mulher é você?" ou "O que você vai fazer pro seu marido quando você casar?"

- Faço alguma besteira no trânsito. Escuto "Tinha que ser mulher" ou "Mulher no volante, perigo constante" ou "Lugar de mulher é no fogão"

- Trabalho muito e bem, contribuo com os lucros da empresa, dou idéias brilhantes para o crescimento da mesma, mas ganho menos que o meu colega do sexo masculino que faz o mesmo trabalho.

- Sou uma mulher casada e vejo meu marido gordo, fedorento e desarrumado exigindo que eu emagreça e fique sempre bonita e cheirosa.

O Dia Internacional da Mulher não pode se resumir a flores na porta do supermercado ou um pronunciamento da Dilma na TV. O Dia Internacional da Mulher foi marcado por lutas contra o preconceito e assim deve permanecer. Se você quer parabenizar uma mulher, comece amputando atitudes machistas. E que comece por você, mulher machista.
Para que nenhuma de nós e principalmente as futuras gerações, fique presa nessa teia de preconceito eterna e que possam viver com a dignidade que merecem!

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