sábado, 2 de outubro de 2021

Não pegue o boomerang. Não vale à pena.

Quando o universo te livra de gente maluca, você escute, viu? Porque se voltar que nem boomerang você devolve. Não pegue o maldito do boomerang! Eu peguei. 

Já tinha dado match com esse cara no Tinder uma vez. As fotos dele eram super bonitas e a descrição do perfil irreverente, fora do lugar comum, o que costuma me agradar. A nossa conversa foi meio estranha, não marcamos de sair e segui a vida.

O vi algumas vezes no app de novo, mas passava reto. Um dia, depois de tantas vezes ignorar, dei like. Peguei o boomerang, gente. E deu match.

Começamos a conversar, inclusive constatando que já tínhamos dado match antes, mas que não lembrávamos direito porque não tínhamos saído. Ele me chamou para sair no mesmo dia. Na verdade, a ideia dele era já vir aqui para casa ou que eu fosse para casa dele (detalhe que ele mora com a mãe). Eu disse que não topava, que ele era um desconhecido total e que não achava uma boa ideia trazer de cara para dentro da minha casa. Ele argumentou dizendo a seguinte frase icônica:

- Mas eu tenho 13 gatos e gosto de Pokemon. Que mal eu poderia te fazer?

Eu fiz aquela cara que quem me conhece bem já pode estar imaginando aí e perguntei:

- Só porque você ama os animais e gosta de coisa de criança eu tenho que confiar em você? Se tem pai que estupra filha, uai!

Enfim, marcamos uma pizza. Chegando no local, ele não parava de falar de si mesmo. O quanto ele era legal, evoluído, as experiências que ele teve, a quantidade de minas que ele já pegou, como ele sempre vira amigo das mulheres que fica, as decepções que teve, a ex... A ex apareceu na conversa do app e depois pessoalmente. O cara era tão self-centered que até quando perguntou sobre mim, foi para rebater com coisas sobre ele. O cara era tão carente que depois de uma hora conversando, perguntando o que eu tinha achado dele (não façam isso, homens, é BROCHANTE!). O cara era tão sem filtro que achou apropriado me contar que já teve primeiros encontros no tinder onde ele acabou na cama com a mulher pedindo para ela penetrá-lo no forevis.

Como se a conversa toda não tivesse sido um mar de red flags, o cara pediu a conta DO NADA, sem nem me perguntar se podia, se eu queria comer mais ou algo parecido. O que me pareceu o tempo todo é que minha opiniões, desejos e vivências eram nada relevantes para aquele encontro. 

Dei um abraço nele e segui em direção ao meu carro para ir embora. Ele morava na quadra da pizzaria, então foi indo para casa à pé. Enquanto eu colocava o cinto e ajeitava uma musiquinha para ouvir durante o caminho, ele voltou e me questionou porque eu não tinha ficado com ele. Ofereci uma carona, ele entrou no carro e fomos conversando amenidades até lá. Chegando na casa dele, eu parei o carro e disse que não tínhamos nada a ver e que, ainda por cima, ele estava obviamente ainda envolvido com a ex. Ele tentou se esquivar, dizer que não era bem assim, que estava meio triste ainda, porém superado (aham). Eu disse que não tínhamos nada em comum e que não iria rolar nada entre nós. 

Nesse momento, ele resolveu colocar a cereja em cima do bolo e revelar que o motivo maior de frustração era porque sua intenção era fazer uma perfect week.

Para quem não pegou a referência, cata aqui: no seriado How I met your mother, tem uma personagem chamado Barney Stinson (interpretado por Neil Patrick Harris). O personagem é um mulherengo, gordofóbico, etarista, boçal. Em um dos episódios, ele se empenha para completar um perfect month: 30 mulheres diferentes em 30 dias do mês.

Agora me fala... se a referência de homem para alguém é o Barney Stinson, ele tem no mínimo um caráter duvidoso. Se ele ainda tem coragem de falar abertamente na cara da pessoa, ele não tem noção e nem respeito. 

E a partir de agora, eu prometo solenemente não pegar mais o boomerang. No good can come from this.


sábado, 6 de março de 2021

La friendzone






Todos já ouviram falar, muitos já frequentaram. A famosa "friendzone" nada mais é que você acabar no território de amigo e aquela pessoa que você está a fim não conseguir te olhar de outra forma. Pode ser que você tenha ficado a fim de quem você já era amigo ou pode ser que você tenha se tornado amigo demais da pessoa que você quer ficar. Acredito que os homens passem muito mais por isso do que as mulheres.

COMO ESSE FENÔMENO ACONTECE?

Primeiramente, por você ser a melhor pessoa do mundo com ela. Se preocupar, trazer mimos, ajudar a resolver os problemas, ser todo respeitoso, estar sempre disponível etc. 

MAS ISSO É RUIM?!

Pode ser, quando você deixa nesse campo e esquece da sexualidade. Você precisa deixar suas intenções claras. Não adianta você achar que a pessoa vai te querer apenas por você ser um cara super bacana. Tem que ter toque, pele, aquela brincadeirinha de duplo sentido, aquele elogio mais safadinho, aquele abraço com mais pegada, um cheiro no cangote. E o convite para sair não pode demorar muito. Se você ficar construindo território por muito tempo, a cada dia você vai entrando mais e mais na friendzone e a maioria dos casos é irreversível. 

COMO SABER SE ESTOU NA FRIENDZONE?

Se a pessoa começar a falar com você sobre outras paqueras... pode saber que já era. Ela não sacou que você queria algo mais (porque você com certeza não foi claro) ou ela não te olha dessa forma, e aí não tem jeito. Não tem como forçar a barra. Às vezes até ela te via como uma opção no começo, mas como você nunca demonstrou interesse nesse sentido, nunca a chamou para um date, ela achou que estava viajando. 

TEM COMO SAIR DA FRIENDZONE?

É difícil, mas não custa tentar, né? Se você perceber que ela tá te vendo só como amigo, você precisa imediatamente abrir o jogo. É a única solução. Não é garantia de que vá dar certo, mas quem tá no inferno, abraça o capeta. Tem a chance de, quando você falar, a sementinha ser plantada ali na cabeça. Se ela não te olhava daquela forma, de repente comece a considerar. Talvez demore um tempo. Se ela te der um fora, se afaste. Não continue sendo o fofo dos fofos (mas também não é para ser idiota, claro), porque dessa forma ela nunca vai te olhar mesmo como algo mais. Se você não acha que está pronto para se declarar, mude de postura. Seja menos fofinho e mais "pra frente". Já vai dando as indiretas, o lance é não deixar dúvidas de que você a deseja de outra forma

E se não der certo... parte para outro, my friend (desculpe o trocadilho infame!). E aplica as lições aprendidas na próxima vez. O que não tem remédio, remediado está.

E aí, pessoal? Já frequentaram a zona? Ou ao final desse post percebeu que tem alguém na sua vida que você pode estar colocando numa friendzone? Comenta aí e compartilha esse post com quem você achar que precisa ler essas coisas! 😅

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Falha na comunicação

Já escrevi aqui reclamando sobre a pouca habilidade dos caras de se comunicar nos aplicativos de paquera. É muito comum dar match com eles e ninguém puxar assunto (ou não responder quando você puxa). É comum também conversas monossilábicas, onde o cara só responde o que você pergunta. E também aquelas conversas que não duram 24h. 

Pois bem, não sei se foi a quarentena que deixou todo mundo meio zureta, mas agora os caras, em vez de fazer o mudo, tão falando horrores. E já de cara. Não dão nem oi, já chegam com o pé nos peito da gente. Mas é aquele negócio né... margem de erro para mais ou para menos, eles continuam com aquela dificuldade imensa de falar alguma coisa que faça sentido. 

Olha só esses macholinos que encontrei por esses tempos:





Bom, primeiramente esse rapaz enviou a mesma mensagem EXATAMENTE igual, o que me leva a crer que ele deu um Ctrl C + Ctrl V bonito e deve mandar a mesma coisa para várias mulheres.





Esse aqui tentou ser romântico, mas só passou                                                         por peão mesmo.






Esse é o meu preferido! O cara sem empolgou e deixou minha autoestima em dia hahahaha 

Um gênio!







Eu demorei uns 35 minutos para ler o currículo do Catho que ele me mandou, mas fiquei bastante impressionado mesmo foi com as marcações em caixa alta. Dedicado o rapaz. Deixa essa palavra mesmo.







Se descreveu como "peculiar". Você iria?





 É o que, moço?! Não entendi nada! hahahaha






Sério... QUÊ?!



O clássico "quando uma imagem vale por mil palavras", né?! Divirtam-se. Porque pelo menos para dar risada esses apps ainda estão funcionando! 


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Sobre assédio sexual

Não é não. E pronto.

Homem, mulher ou qualquer outro gênero. Qualquer um têm direito de se recusar a ficar com alguém e deve ter seu desejo respeitado.

Eu demorei para falar do comportamento tóxico da Karol Konká aqui no blog porque eu era fã dessa mulher. As músicas dela falavam diretamente comigo, eu ouvia e me sentia empoderada. Então é um choque cair do cavalo dessa maneira. É difícil acreditar que uma mulher que gravou uma música chamada "100% feminista" esteja prestando um desserviço tão grande à causa. 

Pois bem, depois de ontem, não tem para onde correr. 

Desde o começo do jogo, Karol se mostrou interessada em Arcrebiano. Os dois fizeram prova de resistência juntos, mas ninguém tinha visto clima de romance nenhum entre os dois. Do nada, ela começou a dizer pela casa que havia um interesse da parte dele e que ela poderia estar correspondendo o tal interesse.

Ontem, Karol encurralou o rapaz. Durante o dia, se deitou de conchinha com ele e o encheu de perguntas e insinuações que o deixaram desconfortável. À noite, durante a festa, estava decidida a beijá-lo. E por mais que ele tenha negado várias vezes, ela continuou agarrando-o. Vimos cenas dela pendurada no pescoço dele, ele se esquivando e ela forçando a barra, dizendo "só um selinho, então, vai". Foram cenas de horror para os dois lados. Karol se humilhando por uma migalha (sem contar com o fato de ter jogado sua possível concorrente para os braços de outro), Arcrebiano super sem jeito, sem querer ser grosseiro, mas com nenhuma vontade de ficar com ela, aparentemente. Um não quer, o outro insiste veementemente = configura assédio.

Alguns disseram por aí "ah, mas ele acabou ficando, então é porque no fundo ele queria". Toda pessoa que já sofreu assédio e não conseguiu escapar já ouviu isso. 

Arcrebiano foi um gentleman. Não destratou Karol em nenhum momento, não foi violento e nem agressivo. Mas seu semblante mostrava claramente seu desconforto, seu constrangimento, sua vontade de se livrar daquela situação. Ele foi assediado em público, em rede nacional, por uma mulher que fala por aí em suas músicas contra o assédio. O fato de ele ter acabado ficando com ela, não apaga o fato de que ele sofreu assédio. Quantes de nós já cedemos por pressão, por medo, para se livrar da pessoa, por vergonha? 

Karol Konká, aliás, vem sendo abusiva de várias formas dentro da casa, com várias pessoas diferentes. Arcrebiano é só mais uma vítima de seu comportamento tóxico e seu jogo sujo.

A cantora chegou a afirmar em uma conversa que Juliette é o tipo de mulher que fingiria um assédio para prejudicar um homem e que ela sufocava os meninos da casa com seu jeito. Como se isso não fosse quase um pecado capital saído da boca de uma suposta feminista.. é também interessante essa colocação. Diria que minimamente irônica, não?

Aguardo as consequências das ações abusivas de Karol Konká. O tombo vai ser feio, como ela mesma já disse em sua consagrada canção.






segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

O esquerdomacho

Por conta do BBB do ano passado, onde pautas como o feminismo e o racismo foram assuntos em evidência entre os participantes e definiram toda a dinâmica do jogo, o BBB21 começou com uma pegada bem diferente. Esse debate já entrou com força desde o primeiro dia do programa e iniciou-se um perigoso jogo de cancelamento dentro da própria casa e um clima de bastante intolerância.

Dentro dessa temática, surge uma figura que eu ainda não tinha catalogado aqui no blog: o esquerdomacho. Representada principalmente na figura do Fiuk dentro da casa, o esquerdomacho é aquele homem que paga de desconstruidão, de apoiador de causas como feminismo e racismo, mas no fundo não passa de um macho escroto do mesmo naipe do hetero top que tanto criticamos. É um executor ferrenho de práticas como maninterrupting e mansplaining. É aquele que pede desculpa por ser homem e nos faz revirar os olhos num movimento de 360º.

Para começar, o Fiuk estragou expressões como "desconstrução", "reconhecer seus privilégios" e "lugar de fala". Está usando de forma leviana, querendo "converter" pessoas como se ele fosse o suprassumo entendedor das causas. 

Eu não estou aqui para cancelar ninguém. Eu acredito muito na aprendizagem, na evolução das pessoas - até porque, se não acreditasse, esse blog nem existiria, porque eu o vejo como uma ponte para aprender, não só uma chuva de críticas. Porém, o que falta para quem está aprendendo esse tipo de coisa, é ouvir mais e falar menos. Aprender é colocar em prática, muito mais do que arrotar lições de moral em qualquer pessoa que aparecer na sua frente. Na maioria dos casos, o cabra presta um serviço de muito mais qualidade se mantendo de boca fechada.

O Fiuk, por exemplo, nos primeiros dias de jogo, pareceu ser super sensato, aberto, acolhedor. Seu jeito carinhoso conquistou a paraibana Juliette, que logo começou a imaginar coisas românticas a seu respeito (chegando até a deixar o público impaciente com tamanha empolgação). Fiuk estava lidando  com o assunto de forma leve, mas agora, percebendo seu poder sobre a moça, usa de um tom arrogante e superior para falar com ela e dela (mas sempre com a fala bem mansa, repare), chegando a humilhá-la e fazendo-a sentir burra e não-autêntica. Esse é um dos comportamentos-chave de um esquerdomacho. Clica aí embaixo para conferir o ataque:


Fiuk praticou maninterrupting pesado com Carla Diaz (e tem feito isso com frequência) e já é conhecido na casa como um participante que não deixa ninguém falar. Depois de ter ido atrás dela para, supostamente, saber se estava bem e queria conversar, ficou debochando dela com outros participantes da casa. Também já vimos cenas onde ele "explica" para Carla seu lugar de privilégio num tom bastante presunçoso, fazendo-a sentir culpada por ter nascido branca e por ser uma artista bem-sucedida. Isso passa bem longe do objetivo de ensinar alguém a reconhecer seus privilégios. Reconhecer seus privilégios é um passo para que você use sua voz, que é ouvida, para ajudar quem não é ouvido (entre outras coisas, claro). Não deve ser uma ferramenta para fazer alguém que não tem culpa de ter nascido privilegiado se sentir mal por sua condição natural. Clica aí embaixo para conferir a palestrinha:


Li no Twitter (não vi essa cena) que as meninas estavam falando sobre tamanho de seios e o Fiuk chegou dizendo que corpo natural é lindo, que ele se amarra em seios pequenos e coisa e tal. Já falei aqui brevemente também sobre a mania que os homens tem de palpitar sobre nossos corpos. Com certeza ele achou que estava arrasando com esse comentário, já que a sociedade idolatra mulheres com seios grandes. Porém, mais uma vez, ele chega dando palpite em coisas que desconhece. Não experimenta da dor da pressão dos padrões estéticos sobre a mulher, dá opinião que não foi solicitada e palestra sobre assuntos que nunca lhe dirão respeito. Clássico esquerdomacho.

Fiuk é tão sem noção que soltou frases como "eu tive uma vida muito difícil", "ser pobre é uma delícia" e "não sabia que eu ia passar fome aqui", numa sala onde havia pessoas que cresceram na periferia, sem 1% das oportunidades que ele teve e possivelmente tendo algum que realmente tenha passado fome. Isso prova o quanto o discurso dele é incoerente com suas ações. Se tem uma coisa que ele não sabe ainda é reconhecer seus privilégios, embora não se acanhe em puxar cada participante da casa num canto e vomitar seu discurso decorado de livro. 

Portanto minha amiga, quando você conhecer um cara que paga de desconstruidão por aí, tome cuidado. Já fique de olho nesses sinais de alerta, porque se ele for um esquerdomacho, aparecem rapidinho. 

Para terminar, deixo esse vídeo sensacional da Ademara (uma influencer comediante de Pernambuco maravilhosa!) com uma ilustração do esquerdomacho clássico: