quinta-feira, 25 de setembro de 2014

As primeiras vezes

Vivo cercada de adolescentes e acompanho seus dramas pelo Facebook, pelo Twitter e pelo Instagram.

É engraçado e delicioso lembrar dessa época tão intensa, onde a gente mal sabe lidar com tanta emoção ao mesmo tempo - na verdade, o problema é que tudo é emoção demais. A gente morre de raiva quando a mãe diz "isso vai passar, você ainda vai viver tanta coisa!" -, aquela agitação dos sentimentos, desejos, inseguranças...

Comecei a pensar nessas primeiras experiências e lembrei de como foi para mim. É claro que na minha época tinha bem menos exposição, porque a Internet ainda era coisa nova que pouca gente usava. Hoje a gente já sabe de tudo em um piscar de olhos e estamos sempre expostos demais ao julgamento alheio.

Minha PRIMEIRA PAIXÃO eu nem sequer tinha chegado à puberdade. Eu tinha 9 anos e já escrevia no meu diário sobre o Guilherme. Ele era amigo do meu irmão e nosso amor era tipo aquele filme "Meu primeiro amor": aquele que a gente gosta é sempre aquele que mais implica com a gente. Eu vivia sempre cheia de suspiros quando estava perto dele, coração acelerado, músicas da Sandy fazendo sentido ("esse turu turu turu aqui dentro, que faz turu turu quando você passa..."). Infelizmente eu não era a única morrendo de amores por ele, e minha pré-adolescência já indicava que os homens iam me dar muito trabalho desde cedo: quando seu primeiro amor é galinha, pode saber que o negócio vai ser tenso.

Por mais amor que tivéssemos um pelo outro, meu PRIMEIRO BEIJO não foi com ele. Acabou que foi aos 10 anos com um menino da minha escola. Como todo primeiro beijo, foi meio desastroso. Um dia depois da aula, fomos para trás da banca de jornais. Eu suava frio, as extremidades dormentes, aquele vuco-vuco interno. Ele foi se aproximando, colocou as mãos na minha cintura, eu coloquei as mãos no peito dele, o empurrando para trás, tentando meio que o impedir de se aproximar e repeti a palavra NÃO sucessivamente umas cinco vezes, até que ele me ignorou e me beijou. Trauma passado, fiquei pensando no quão errado tinha sido não ter meu primeiro beijo com meu primeiro amor.

Pelo menos depois disso tomei mais coragem para dar mais um passo e sim, meu PRIMEIRO NAMORADO foi o Guilherme, quando eu tinha 11 anos. Éramos completamente apaixonadinhos. Para ele, escrevi minhas PRIMEIRAS CARTAS DE AMOR, dediquei minhas PRIMEIRAS CANCÕES e disse meu PRIMEIRO "VOCÊ É O AMOR DA MINHA VIDA". Essa história durou anos, mas enfim, não éramos o amor da vida um do outro: hoje ele está casado e aparentemente feliz. E eu ainda não achei o tal amor da minha vida.

O PRIMEIRO CHIFRE também é uma coisa que a gente não esquece. Ainda mais quando é como foi comigo: um festival de chifre trocado. Fico pensando, lembrando como minha vida amorosa era agitada na minha adolescência e chego à conclusão que ou eu era muito precoce ou eu gastei todas as minhas fichas no passado, considerando a pasmaceira que estou vivendo há uns 2 anos. De qualquer forma, eu dei o primeiro chifre (e único) da minha vida num momento de fragilidade, do alto dos meus 13 anos (quando muitas meninas nem sequer tinha dado o primeiro beijo, eu já tinha cometido meu primeiro adultério. What does it tell about me?). Engraçado é pensar que quem tomou o chifre foi o menino que mais amei nessa vida. Ele terminou comigo, depois me perdoou, mas não conseguia não ser louco de ciúmes. Terminamos e depois de um ano veio a vingança: ele voltou pra mim só para me devolver o chifre. Doeu, mas eu já tinha meu amor próprio e nunca mais nos falamos. Ele é o único ex com o qual eu não falo até hoje.

A PRIMEIRA LOUCURA também é um momento marcante. Aos 15 anos, eu conheci o maravilhoso mundo da Internet através do saudoso ICQ. Sempre tive fetiche por gaúchos e lá fui eu digitar no SEARCH: "Rio Grande do Sul, 18 anos". Foi quando eu conheci o Daniel, a loucura mais louca da minha vida. Nós teclamos durante SEIS ANOS. Aquele amor platônico, sabe? Quando você não sabe como pode sentir aquilo por alguém que você nunca viu! E naquela época, mandar foto pela internet era a coisa mais difícil do mundo! Se não me engano, fui ver foto do Daniel uns 3 anos depois de teclar com ele. Trocávamos cartas, juras, promessas, mas só fomos nos encontrar pessoalmente quando eu tinha 21 anos. Inventei uma desculpa pra minha mãe, comprei uma passagem e fui para Porto Alegre encontrá-lo. Namoramos à distância durante 1 ano e meio, mas fomos vencidos pela falta de afinidade, mesmo depois de termos vivido muita coisa bonita e realizado sonhos juntos.

A PRIMEIRA VEZ é um dilema, especialmente para meninas religiosas. Vivemos em um mundo que está constantemente bombardeado por imagens e padrões sexuais, e querer ESPERAR, hoje, é sinal de caretice. Meninas, religiosas ou não, em verdade vos digo: sejam caretas, vale a pena. Não há problema nenhum em esperar. A primeira vez de uma menina pode ser traumatizante - experiência própria!! - e sim, se você encontrar alguém que confie, que goste e que cuide de você, tendo todo carinho e paciência, essa experiência pode se tornar muito menos desagradável. Eu não estou dizendo que todo mundo sofre com a primeira vez, mas a maioria sim. Então, pra que a pressa? Sinto que as meninas de hoje em dia estão atropelando as fases, e por mais que eu tenha começado minha vida amorosa muito cedo, esse aspecto foi diferente para mim. Na minha época, quando eu ficava com um menino, eu não deixava ele pegar nem na minha perna. Hoje em dia, qualquer casalzinho adolescente que ainda cheira a leite tá com a mão dentro da calça um do outro, engravidando, pegando DST... What I am saying is: namorar é bom demais! Curtir cada momento, cada fase, é maravilhoso! E quando você tem mais maturidade para assumir as consequências do ato sexual, melhor você aproveita, certo?! Sim, se você resolver esperar, você vai sofrer preconceito. Quando eu tinha 23 anos e falava que era virgem, ninguém acreditava. Ainda mais me conhecendo, sabendo que já namorei muito, que eu sou extrovertida, que adoro ir pra balada e afins, aí que não acreditavam mesmo! Mas olha, querem saber? Isso não me incomodava, e foi a melhor decisão que tomei na minha vida. A minha primeira vez foi com a pessoa certa, que me amava, me respeitava, tinha paciência e fez tudo ser especial.

Essas primeiras experiências são muito importantes, pois influenciam diretamente em nossa vida adulta, em nosso comportamento, nossos medos, nossas inseguranças... O importante é saber que cada momento vai marcar sua vida de uma forma e que toda experiência é válida (clichê, mas verdade): se não servir de nada, aparentemente, ao menos uma lição você vai ter para melhor na próxima tentativa! Viva tudo com intensidade, se respeitando, respeitando o outro e buscando sempre ser muito feliz!