domingo, 26 de março de 2017

Quando a esmola é demais, o santo desconfia

Quando eu digo que a qualidade dos homens nunca esteve tão ruim como nos dias atuais, tem gente que acha que estou exagerando. Mas (in)felizmente eu tenho coletado mais e mais provas cabais de que só podemos estar à beira do fim dos tempos mesmo. A história que vou narrar aconteceu com uma amiga minha e pra proteger sua identidade vou chamá-la de Nina.

Nina estava lá, de boa na lagoa, entrando no Tinder pela primeira vez, conhecendo o aplicativo ainda, quando recebeu um Super Like. Para quem não sabe, o Super Like é quando uma pessoa gosta muito de você e, ao contrário do LIKE normal, você já fica sabendo que ela te quer. Assim, ela viu o carinha que deu um Super Like, achou interessante e retribuiu. Match dado, eles começaram uma conversa maravilhosa no aplicativo. Ele, a pessoa mais engraçada, super espontâneo, nada daquelas conversas engessadas da Internet, super criativo, a encantou. Durante essa conversa, ele brincou dizendo que ela podia apagar o aplicativo porque já tinha encontrado o que procurava, que ele também apagaria, falou sobre cachorro, filhos, casamento, tudo na maior brincadeira. Até ciuminho já demonstrou pois ela estava viajando, tudo na maior piada. Ela adorava, pois nunca tinha se dado tão bem com uma pessoa tão rápido. "Ele é minha versão masculina", pensava e se divertia com as semelhanças.

Até que ele se ofereceu para buscá-la no aeroporto. Mesmo achando meio doido aquilo, resolveu aceitar. E assim foi o primeiro encontro dos dois: ele a buscou no aeroporto, a levou para tomar café da manhã, foi super romântico, carinhoso, rolou aquela química no beijo. Era tão perfeito que chegava a ser inacreditável. Durante a semana se falaram todos os dias, mantiveram as brincadeiras do tipo "e aí, quando vamos assumir nosso relacionamento?" e ela "tá pensando que é assim, é? Tem quer ter um pedido especial" e riam, e se divertiam como se já se conhecessem há tempos.

Chegou o FDS, finalmente se veriam novamente! Foram a um restaurante e ficaram grudados a noite toda. Beijos, carinhos, conversas, risadas, o encontro perfeito. Ele perguntou o que ela faria no sábado e ela disse que provavelmente sairia com as amigas. Ele disse em tom de brincadeira "ah é, esqueci que ainda não sou prioridade na sua vida, né?", ela riu e encerraram o assunto.

No outro dia, quando os planos com as amigas não deram certo, ela resolveu falar para ele, que a convidou para um jantar e um cineminha. Porém, logo depois sugeriu que fossem dançar e ela topou prontamente. Ela comentou do jantar + dança com uma amiga e esta disse que também teria um encontro com um bofe e perguntou se depois do jantar também poderiam se encontrar na boate. Então os 4 ficaram de ir dançar após o jantar.

Na noite de sábado então, o rapaz buscou Nina em casa e a levou para um restaurante super romântico. Ao entrar no carro, ele fez piada com a roupa que ela vestia, os dois riram e seguiram para a primeira parte da noite. Infelizmente, o encontro da amiga de Nina acabou dando errado e então ao invés de irem os 2 casais para a boate, agora seriam 2 amigas de Nina. Ele não demonstrou nenhum problema com o ocorrido e continuaram o jantar. Como o local precisava de nome na lista até 23h, Nina sugeriu que eles pulassem a entrada e fossem direto para o prato principal, para ganhar tempo, o que ele concordou em fazer. Mas após ir ao banheiro, ela volta e vê que ele pediu entrada. E assim, durante toda a noite ele foi enrolando, ela querendo ganhar tempo e ele demorando a fazer tudo, o que a deixou com a pulga atrás da orelha: "por que será que ele está fazendo isso?".

Depois do jantar, ele foi em casa deixar o carro e subiu para deixar a chave em casa. Nina ficou quinze minutos esperando o rapaz que fazia sei lá o que dentro de casa, mas ela tentava manter o equilíbrio, mesmo achando tudo muito estranho. Chamaram o Uber para ir para a boate e enquanto esperavam, ela questionou o porquê de ele não a ter beijado durante a noite toda. Ele fez alguma piada para fugir do assunto, continuou mexendo no celular - fazendo-a sentir totalmente ignorada - e ela não disse mais nada. Entrando no carro, cada um sentou em uma ponta e ela ficou séria, pois não estava entendendo porque ele estava tão distante. Ele questionou "você tá bolada? O que foi?", e ela respondeu que não estava bolada, que só queria entender porque ele estava tão distante. Nesse momento, ele simplesmente surtou, disse que não queria estragar a noite dela com as amigas e mandou o motorista do Uber parar o carro no meio da rua. Desceu do carro e foi para casa deixando Nina completamente chocada.

Ela seguiu para encontrar as amigas na boate, mas chegando lá enviou mensagens. Disse que queria entender o que tinha acontecido, mandou mensagens fofas, tentando ser compreensiva e seguiu sendo basicamente ignorada a noite toda. Se chateou e no outro dia o procurou na esperança de que eles pudessem conversar e resolver o que tinha para ser resolvido do dia anterior. Mas para sua surpresa, recebeu uma mensagem desaforada dizendo que não havia mais nada para ser conversado + uma lista de acusações do tipo "você está me pressionando a namorar", o que a chocou e magoou, já que desde o começo ele é quem sempre falava em relacionamento e brincava com o assunto e ela sempre entrava na brincadeira, sem imaginar por nenhum momento que ele pensava que ela estava falando sério. Ele a acusou de ser infantil por ter ficado chateada com o andar da noite e quando ela disse "ok, então, foi bom te conhecer", ele disse que ela é quem estava colocando ponto final da história.

Resumo da ópera: o cara surtou, abandonou a mina dentro de um Uber no meio da rua, tentou reverter o jogo milhares de vezes, tentando fazê-la se sentir culpada, dizendo que ela estava sob o efeito de álcool, que estava louca (gaslighting sinistro aqui!), não teve a humildade e decência de admitir que teve um comportamento escroto e infantil, foi sarcástico inúmeras vezes, disse que quem deu piti foi ela, se recusou veementemente a discutir o assunto, e ainda achou ruim quando ela, depois de muitas tentativas de ter uma conversa adulta, desistiu e o bloqueou.

Fico tentando entender o que se passa na cabeça desse sujeito. Primeiro, para que tantas brincadeiras de relacionamento? E por que acreditar que ela estava falando sério, quando desde o começo os dois só faziam piada sobre esse assunto? Será que ele não queria mais ir dançar e não teve coragem de pedir para ela mudar os planos? Por que ele acha que sair do Uber no meio da rua e deixar a menina para trás é algo aceitável? Por que não conversar como adultos ao invés de dar piti no whatsapp? Fazer showzinho no meio da rua? Afinal, por que ele não a beijou durante a noite toda? Há tantas perguntas sem resposta nessa história, que eu poderia escrever outro post só com os questionamentos, mas sem querer, ele já respondeu várias coisas:

- Ele é do tipo de pessoa capaz de abandonar outra pessoa sem nem olhar pra trás;
- Ele é do tipo de pessoa que brinca o tempo todo, mas não sabe interpretar quando alguém está brincando com ele;
- Ele é manipulador e controlador;
- Ele é orgulhoso e não admite seus próprios erros;
- Ele é emocionalmente instável;
- Ele é infantil para cacete.

Acho que o resto das perguntas ficarão mesmo sem resposta. Mas sinceramente? Acho que ele já deu dicas o suficiente para responder a única pergunta que interessa no fim das contas: VALE A PENA INVESTIR EM UMA PESSOA ASSIM?

Espero que Nina e vocês todos já saibam a resposta.





sexta-feira, 10 de março de 2017

Meninos religiosos

Desde adolescente fui envolvida com as coisas da igreja. Aos 14 anos, comecei a participar de um grupo jovem que era o amor da minha vida e nele permaneço até hoje - apesar de bem menos envolvida. Por isso, o assunto que quero tratar hoje é algo de que posso falar com propriedade, sem ficar me baseando num disse-me-disse, mas sim na minha própria experiência. Hoje quero parar pra falar sobre meninos religiosos.

O fato é que a gente entra na igreja, conhece pessoas, e acha que lá tem gente mais idônea do que nos outros lugares, o que é uma ilusão sem tamanho.

Ao longo desses mais de 15 anos dentro do grupo, conheci gente de tudo quanto é jeito! Mas preciso falar da quantidade de meninos religiosos hipócritas que existem.

Antes de mais nada, quero deixar claro que eu não tenho essa imagem de que as pessoas religiosas são mais certinhas que as outras. Na minha concepção, o indivíduo que procura uma religião está interessado em se conectar com o divino - seja lá qual for sua crença - a fim de melhorar como pessoa. O que não significa que ele seja perfeito ou santo, porque, afinal, se o fosse, não precisaria de igreja nem nada, certo? Pelo menos esse sempre foi o meu objetivo quando ia à igreja: fazer reflexões que pudessem afetar o modo como vejo as pessoas, trabalhar nos meus defeitos, ser mais compreensivo, mais caridoso, mais humano, enfim, melhorar enquanto pessoa.

A hipocrisia mora em um lugar bem diferente do que a maioria das pessoas imagina. Eu vou dizer onde está a hipocrisia.

A hipocrisia está naquele cara que você conhece na igreja, tenta te comer de qualquer forma, e depois fica postando textão sobre namoro santo ou fazendo homenagem para namoradinha virgem que ele arranjou porque ela é a mulher que Deus preparou para ele e eles formarão um lar santo algum dia. Sendo que no outro dia, o cara tava querendo comer tudo que via pela frente.

A hipocrisia mora naquele cara que trata a mãe que nem uma rainha, que morre de ciúmes da irmãzinha mais nova, mas que sai na balada e trata mulher como um objeto. Que engana todas, que faz coleção de contatinho e todo FDS escolhe uma diferente pra levar pra cama.

É esse mesmo cara, que anda com terço pendurado no retrovisor e tem uma tatuagem de Maria Santíssima, que divide mulher entre "pra comer" e "pra casar". Que ama a Mãezinha do Céu, mas não tem respeito pelas mulheres da Terra.

Então, infelizmente, não podemos contar com o fato de que homens religiosos tenham mais respeito e consideração por nós. É uma falácia, é uma mentira, isso não tem nada a ver com o caráter de alguém. Pode ser que um cara ateu te trate melhor e pode ser que você conheça alguém legal na igreja, sim. Mas provavelmente porque essa pessoa já é legal por si só, não porque a igreja o modificou. A reflexão religiosa tem esse poder de trazer bom senso para as pessoas? Claro que tem! Eu mesma já me policiei muito sobre várias atitudes por causa de coisas que li, estudei, vivenciei dentro da igreja, mas honestamente, isso não é garantia de nada. E é nesse ponto que quero tocar: conheça a pessoa de verdade. Não ache que só porque ela vive numa ambiente religioso, ela é melhor que a maioria das pessoas.

Fica aqui só um alerta, principalmente para meninas novas que acham que vão encontrar o príncipe encantado na igreja. Muito cuidado com a idealização de um esteriótipo! Experiência própria: NÃO DÁ CERTO!

XoXo