segunda-feira, 22 de junho de 2015

Sobre Chats, Tinders e Happns

Não é de hoje que as pessoas usam a Internet como meio de paquera, pegação e afins.

No advento das redes sociais, as salas de bate-papo, vulgos chats, eram lotadas de pessoas doidas para conhecer desconhecidos misteriosos com nicknames constrangedores. Independente de você ser usuário da UOL, do chat TERRA, do BOL ou do MirC, todo mundo já se aventurou nesses flertes online. Os chats eram bem simples, então era muito fácil ter 12 anos e falar que tinha 18. Era muito fácil dizer que era morena dos olhos verdes ou que tinha um abdômen tanquinho, sem ter. As pessoas não costumavam trocar fotos e a decepção era bem comum se rolava um encontro pessoal. A gente tomava mais cuidado também, tinha mais medo. A Internet era coisa nova, com pouca segurança. Descobrir a verdadeira identidade do GaTiNhO_19 era bem complicado.

A tecnologia evoluiu e hoje até ladrão ostenta suas "conquistas" nas redes sociais. A vida dos internautas está exposta para quem quiser ver e assim ficou mais fácil futricar a vida alheia e descobrir quem está por trás dos aplicativos de namoro - que também surgiram como opção melhorada das salas de bate-papo.

Diria que o Tinder e o Happn são aplicativos bombantes entre a maioria da rapazeada hoje em dia. O Tinder: você define um raio e um limite de idade para encontrar pessoas do sexo desejado. Ele vai te apresentando perfis de pessoas que se encaixam nas definições dadas por você, com fotos (até 6) do indivíduo, interesses e amigos em comum. Clicando no coração, você dá "LIKE" para uma pessoa, secretamente. Caso a pessoa também goste do seu perfil, vocês tem um MATCH e abre-se uma janela para que vocês possam iniciar uma conversa. O HAPPN é parecido, mas o aplicativo rastreia as pessoas que cruzaram com você em algum momento do seu dia - no trânsito, na academia, passando na rua, no ônibus, no supermercado, numa festa - através do GPS do celular. Ele aponta o local e a hora em que vocês se cruzaram, e se vocês se gostarem mutuamente, vocês tem um CRUSH, abrindo a janela para a possível conversa. Além disso, você tem a opção de "Enviar um charme" que é quando você expõe seu interesse pela outra pessoa, na esperança dessa pessoa te dar uma chance.

Sim, eu julguei quem usou. E como normalmente acontece quando você julga alguma pessoa, o feitiço virou contra o feiticeiro e me rendi ao uso da tecnologia para conhecer novos bofes.

Tá, confesso que quando entrei no Tinder foi para procurar uma pessoa específica. Mas aquele negócio é viciante. Não encontrando o sujeito alvo, acabei dando match com algumas pessoas e ficou difícil largar aquele açougue humano.

Se não para arranjar alguém decente, pelo menos o Tinder e o Happn servem para dar boas risadas. Eu não sei o que se passa na cabeça de certos seres humanos, que insistem em colocar fotos toscas como: fotos soh do quadril - de sunga ou cueca -, fotos de quando era criança (??), fotos abraçados com outra mulher, fotos no banheiro, fotos com máscaras, foto só do corpo, etc etc etc.

Nos Estados Unidos e na Europa, muita gente usa esses aplicativos para realmente conhecer alguém interessante. Aqui no Brasil, é mais um culto à baixaria. Ei, calma lá, eu não disse que todo mundo é assim; mas se você utiliza um desses aplicativos, sabe que a maioria esmagadora dos brasileirinhos só quer a zoeira eterna. Sexo fácil, putaria (Me manda nudes? Me manda fotos quentes?), encontros casuais e claro, a velha escapadinha.

É impressionante como a gente pode encontrar pessoas conhecidas comprometidas no Tinder e no Happn. A gente pensa "nossa, safado! Você tem namorada!", mas vai fazer o que? Muitos deles nem colocam fotos do rosto, para dificultar o reconhecimento; às vezes colocam até fotos falsas. No começo, dei match com uns 4 caras comprometidos, até que coloquei no meu perfil para que caras comprometidos não me dessem like. Mas fico pensando... será que eles acham que tem alguma mulher que entra no aplicativo querendo ser a outra de alguém? Ou pior... será que tem alguma mulher que entra com essa intenção? Às vezes penso que sou meio inocente, porque acredito demais na boa intenção das pessoas, então crer que alguém vá usar essas tecnologias procurando destruir o relacionamento alheio ou sexo com um cara comprometido é demais para mim.

Anyway, só tem uma categoria de Tinders e Happns que me irrita mais do que os safados comprometidos e os loucos pervertidos: os que dão match/crush e não conversam com você. Aí você pode me perguntar: "Mas por que só o homem tem que tomar iniciativa? Puxa assunto também!". Acredite, nenhuma das vezes que eu puxei assunto com algum cara que dei match, ele respondeu. Fui ignorada todas as vezes. Agora, me responde: para quê? Qual é o objetivo de entrar num aplicativo desse, combinar com uma pessoa e fingir que nada aconteceu? I mean, é para colecionar matches e crushes e aumentar a auto-estima?

Comecei a usar os aplicativos há uns 4 meses e até agora só saí com uma pessoa. A propósito, foi bem decepcionante. Ótima conversa no Whatsapp e na hora do encontro offline, zero papo. Nos beijamos para cumprir tabela, mas confesso que foi uma noite perdida da minha vida.

A única coisa que não me faz largar de vez essas tecnologias doidas, é saber que nas baladas, nas festas, nas igrejas, nas casas de amigos, as coisas não estão muito diferentes. Onde você vai, tem gente louca pervertida, cara comprometido traindo a namorada, manés com um papo ridículo, gente superficial e sem graça... Então, Tinder e Happn são apenas mais dois locais em meio a tantos que estão fazendo a manutenção do velho e bom ditado "Antes só do que mal acompanhado".

Mas só para não dizer que estou me contradizendo utilizando aplicativos que só tem gente doida, existem boas histórias que saíram da Internet. Conheço amigas que conheceram caras bacanas, e tenho um amigo super galinha que está quase casado com uma menina que conheceu no Tinder. Ah, não posso me esquecer que esses dias vi fotos de um ex-namorado comemorando um ano de namoro na Argentina, com uma menina que conheceu no Tinder. Eu mesmo já namorei um ano e meio com um cara que conheci no extinto e saudoso ICQ (aa au). Então, existe amor na Internet, sim. Só há de se ter paciência, persistência e fé!